Técnicos da transição afirmaram à imprensa que devem sugerir ao novo governo um reajuste imediato, já para 2023, de 40% nas bolsas do CNPq
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) participou de reuniões de trabalho com os grupos responsáveis pelas áreas de Educação e Ciência e Tecnologia na transição de governos. Além de contribuir com informações sobre a real situação vivenciada pelos pesquisadores nas universidades, a entidade também levou as demandas e pautas dos pós-graduandos para o governo eleito.
O presidente da ANPG, Vinícius Soares, apresentou dados sobre a situação da pós-graduação no país e a corrosão nos valores das bolsas de estudos – que representa perda de 75% no poder de compra -, o que tem impactado negativamente a pesquisa científica brasileira. As bolsas, que não são reajustadas desde 2013, com valores atualizados deveriam estar em R$ 2,6 mil (mestrado) e R$ 3,8 mil (doutorado), mas pagam apenas R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil, respectivamente.
Pouco após a reunião da entidade com o grupo de Ciência e Tecnologia, técnicos da transição afirmaram à imprensa que devem sugerir ao novo governo um reajuste imediato, já para 2023, de 40% nas bolsas do CNPq. O anúncio foi visto como uma sinalização positiva e que precisa se estender a todos os bolsistas.
Outros temas importantes foram abordados, como a inexistência de direitos trabalhistas para os pós-graduandos, falta de perspectivas no mercado de trabalho, a “fuga de cérebros” e a grave situação de saúde mental no ambiente acadêmico, particularmente afetado pela pandemia, dentre outras pautas centrais.
O Plano Emergencial Anísio Teixeira, contribuição da ANPG para elevar a ciência como motor do projeto nacional de desenvolvimento, foi apresentado aos GTs da transição como a sistematização das reivindicações dos pós-graduandos brasileiros.
Segundo Vinícius Soares, o novo governo se mostrou aberto ao diálogo e preocupado com o diagnóstico da “herança maldita” deixada pelo atual governo. “Esse contato foi positivo e é fundamental que prossiga. Com diálogo aberto, podemos apresentar demandas, debater a situação atual e as propostas para superarmos a tragédia de um governo negacionista. O momento agora é debater democraticamente e propor saídas para fazer da ciência a alavanca para tirar o país da crise”, afirmou.
Fonte: ANPG