Jovens ingressantes por cotas sacudiram as universidades e podem mudar o Brasil, comentam os coordenadores da iniciativa SoU_Ciência, em artigo para a Folha de S. Paulo
As fotos das turmas de formandos das universidades federais estão mudando de cor ano a ano. Especialmente nas carreiras mais concorridas, como a medicina, os jalecos brancos estão cada vez mais sendo vestidos por corpos negros. E, além deles, mais de 50% dos estudantes em todos os cursos vieram de escolas públicas, nasceram pelo Sistema Único de Saúde (SUS), andam de transporte público e não vivem nas bolhas de condomínios e serviços privados exclusivos das classes de renda alta.
A mudança nesse perfil do corpo estudantil é também de mentalidades, saberes, experiências de vida e diferenças nas expectativas individuais e coletivas sobre a profissão e o país. Lembremos que os que mais sofreram na pandemia e com o desmanche dos serviços públicos, como demonstrou estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na Grande São Paulo, foram os mais pobres e negros. E, por isso, eles, além de mulheres e jovens, formam a parcela da população mais crítica ao governo Bolsonaro e que expressivamente votou por um outro futuro.
Jovens, negros, de famílias de menor renda, periféricos ou de áreas rurais estão hoje mudando a cara e a história do sistema universitário em todas as regiões do país. E essa democratização e mudança qualitativa depende da continuidade das políticas de ações afirmativas, o aperfeiçoamento da lei, a adoção na pós-graduação e a garantia da reserva de vagas nos concursos públicos para negros em cargos efetivos de professores e técnicos. Afinal, tão importante como a mudança do perfil dos estudantes é também a do perfil de professores.
Leia na íntegra: Folha de S. Paulo