Entidades e pessoas físicas podem aderir à iniciativa que busca combater todas as formas de preconceito e intolerância no estado
Lançado nesta terça-feira, dia 22, o Movimento Humaniza Sana Catarina é uma iniciativa plural, horizontal e descentralizada, formada por representantes de entidades, entre elas a Apufsc-Sindical, movimentos e personalidades catarinenses, e busca a adesão de parlamentares e outras pessoas que atuam na defesa da cidadania e dos direitos humanos no estado.
Na cerimônia de lançamento, o professor e ex-presidente da Apufsc-Sindical, Carlos Alberto Marques, o Bebeto, leu o manifesto do movimento e convidou pessoas físicas e entidades a aderirem.
Leia o manifesto na íntegra:
“Ao longo da história, a humanidade cometeu atos cruéis que nos envergonham. Atos que nos desumanizaram e mostram a face mais cruel da espécie humana. Foram vários genocídios, que são a forma de extermínio deliberado de um povo por razões étnicas, militares, religiosas ou culturais. As duas guerras mundiais e o genocídio do povo judeu, armênio, africano e eslavo, são alguns maus e tristes exemplos. Do apartheid na África do Sul ao extermínio dos povos indígenas, o homem provou sua crueldade moral e cultural.
Atualmente, também novas formas de crimes bárbaros vêm sendo praticadas. Os crimes cibernéticos, provocados por um tipo de escória que despreza o semelhante e leva, por sadismo ou interesses espúrios, jovens ao suicídio. Há também crimes ambientais que exprimem o individualismo, a ganância e o desrespeito a todas as diferentes formas de vida, a ponto de comprometer nosso futuro como espécie e a nossa casa comum, o planeta terra.
Isso já seria o suficiente para mostrar que não aprendemos o suficiente com a história. Mas, ao contrário, a estupidez, insanidade e a crueldade parecem não ter limites. Eis que pessoas aqui em nosso Estado reivindicam identidades sanguinárias para, através de métodos conhecidos, ameaçarem e praticarem violência racial, política, religiosa, cultural e étnica. Uma violência que, favorecida pela política do atual governo federal de venda de armas, incentiva que se matem mulheres, pretos, pobres da periferia e de pessoas que brigam por divergências políticas.
O incentivo à violência permite que pessoas, ainda não identificadas, enviem um e-mail para a Fundação de Cultura de Itajaí contra uma mostra da cultura haitiana. No texto ameaçam invadir o local para “matar todo mundo que a gente pudermos (sic) alcançar”. Eles se dizem defensores da raça branca e afirmam que Santa Catarina é “terra de brancos e para brancos”. E, continuam: “O lugar desses negros nojentos, dos índios fedorentos, dos nordestinos cabeças chatas, dos ratos judeus e da escória LGBT é longe de nossa terra europeia”, diz o texto. “Não brancos, aqui não é o lugar de vocês. Vão embora de Santa Catarina e dos estados-irmãos Rio Grande do Sul e Paraná”.
É uma clara demonstração de orientação genocida, do desejo à destruição e da eliminação do diferente. São ameaças por si só repugnantes, que exprimem o apreço ao nazismo e ao fascismo, por suas ideias e métodos. Essas pessoas mostram o desprezo pelo diverso, pelo pobre, negro, comunistas, petistas e todos aqueles que não lhes agradam. São manifestações pela manutenção de privilégios e contra a expansão de direitos e de inclusão social. Essas pessoas se unem aos que defendem uma pseudoliberdade, que em nome da liberdade de expressão, mentem e atacam as instituições democráticas para justamente destruir a democracia e implementar a ditadura. São pessoas que violentam e violam o Estado Democrático de Direito ao tentarem impedir que prevaleça a vontade da maioria do povo. São, na verdade, criminosos.
Por isso estamos aqui, não por prazer, mas por necessidade, para defender algo que seria natural, mas não o é. Estamos aqui para clamar e buscar garantir que a sociedade catarinense se humanize diante da barbárie que quer se instalar em nosso Estado. Somos indivíduos, instituições, movimentos sociais, profissionais liberais de várias áreas, que se unem para dizer que frente ao acirramento da violência, do agravamento do clima de ódio, dos ataques à democracia, bem como da ascensão de práticas e organizações fascistas, é imperioso uma ampla e forte reação da sociedade, que se materializa e se expressa no MOVIMENTO HUMANIZA SANTA CATARINA.
Um movimento onde todos e todas são convidados e convidadas a atuarem no combate a todas as formas de violência, de discriminação, preconceito, intolerância, motivados por questões étnicas, credo religioso, racial, cor da pele, orientação sexual, identidade de gênero e convicções políticas. Mas precisamos lembrar, o tempo todo, que o mal não se veste de mal. Vamos derrotar o fascismo e o nazismo. Vamos mobilizar a sociedade catarinense na promoção e respeito à dignidade da pessoa humana, em defesa da paz e do respeito à diversidade.
Florianópolis, 22 de novembro de 2022.
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Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc