Evento foi realizado em Porto Alegre e contou com participação da Apufsc-Sindical
O 2° Seminário do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), realizado pelo Proifes-Federação na sede da Adufrgs-Sindical, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, encerrou no sábado, dia 19. O presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes, e o professor Camilo Buss Araújo estiveram presentes.
O último dia de seminário foi marcado por um intenso debate que encaminhou propostas para o futuro da Educação Básica, Técnica e Tecnológica das Instituições Federais Públicas de Ensino. Uma das mesas apresentou o tema “Valorização profissional” com os debatedores Lúcio Vieira, secretário-geral do Proifes-Federação e ex-presidente da Adufrgs-Sindical, Fernanda Almeida Pereira, da Apub-Sindicato Bahia, e Nídia Heringer, reitora do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e vice-presidente de Relações Parlamentares do Conif. A mediação foi conduzida pela professora Ana Maria Trindade.
Lúcio Vieira enfatizou que a valorização profissional dos professores está condicionada ao reconhecimento social a partir do atendimento educacional prestado à população. O professor apresentou dados relevantes sobre a falta de ocupação de vagas dos estudantes nos institutos federais. “Em 2021 eram 46,7 milhões de matrículas na educação básica, 83% públicas. Em 2021 tínhamos aproximadamente 1,9 milhão de matrículas”, citou. “O número de matrículas nos institutos federais caiu significativamente em comparação aos anos anteriores. Nós perdemos a importância social, visto que a população tem dificuldade de enxergar os institutos federais como espaço de aprendizado”, avaliou. “A diminuição na procura e a considerável evasão impacta na carreira EBTT e na sobrevivência das instituições.”
O professor ainda falou sobre os desafios para a rede federal de ensino em 2023, pontuando que a discussão sobre o Plano Nacional de Educação e o Sistema Nacional de Educação deve ser pauta do Proifes-Federação com o novo Governo Federal.
Em sua explanação, Fernanda Almeida criticou as mudanças no ensino propostas pela Resolução 3/2021 elaborada pelo CPRSC/MEC. “Essa resolução é ruim para nós. Com a eleição de um presidente progressista e de uma frente ampla, teremos o desafio de reverter os prejuízos na educação pública. Precisamos retomar a negociação com o MEC para que essa resolução seja revogada. Nossa tarefa é fazer a luta e conquistar direitos para as universidades”, reforçou.
Para a reitora do IFFar, Nídia Heringer, somente haverá valorização profissional quando o contexto social reconhecer o ensino e o trabalho dos professores. “Temos de refletir sobre o contexto social que vivenciamos na educação pública, observando a infraestrutura e o orçamento. É preciso analisar quantas escolas públicas possuem infraestrutura tecnológica para atuar no formato híbrido. Sabemos que 78% dos estudantes de institutos federais vêm de famílias com renda de 1,5 salário e enfrentam dificuldades de permanência nos estudos. O empobrecimento da sociedade com a pandemia resultou em uma grande evasão de estudantes”, ressaltou.
Ela também defendeu a execução do Plano Nacional de Educação, que reafirma a educação como direito social e prevê a valorização das carreiras. “O PNE precisa ser amplamente discutido com as Comissões de Educação e Orçamento do Congresso Nacional”, destacou.
O professor Camilo Buss Araújo, que acompanhou o evento junto do presidente da Apufsc-Sindical, afirma que foi muito importante participar do seminário, pois essa presença delimita um espaço da carreira EBTT dentro do campo do Proifes-Federação. Além disso, ele destaca que foi possível ter conhecimento dos diversos desafios que não ficam apenas relacionados às dificuldades orçamentárias e reajustes salariais, dos profissionais da educação. “Tudo isso é importante para conseguir ter um pouco de dimensão e trabalhar com questões propostas e políticas de valorização da carreira e da atividade do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.”
De acordo com Camilo, a questão do controle por ponto eletrônico, já implementado em alguns Institutos Federais, também foi debatido, tendo em vista a pressão para que outros locais aderiram ao mecanismo.
Plenária final
A mesa de sistematização das propostas foi formada por Regina Witt, da Adufrgs-Sindical, Reginaldo Soeiro, diretor de EBTT do Proifes-Federação, e Roberval Pinheiro, diretor da Adurn-Sindicato. Na ocasião, foi discutido o documento referência do 2° Seminário EBTT, conforme sugestões dos quatro grupos de trabalho.
As propostas aprovadas serão encaminhadas ao Proifes para serem integradas à Agenda Política de Planejamento e Gestão Estratégico-Participativa da Federação.
Leia na íntegra: Proifes-Federação