Saramago foi homenageado pela universidade um ano depois de ser agraciado com o Nobel de Literatura
O premiado escritor José Saramago, único prêmio Nobel da Literatura a escrever em Língua Portuguesa, faria 100 anos na última quarta-feira, dia 16 de novembro. Em reportagem, a TV UFSC resgatou um momento histórico para a Universidade Federal de Santa Catarina, quando concedeu o título de Doutor Honoris Causa a Saramago, em 1999. O português morreu em 2010 e hoje tem uma sala que leva o seu nome na Biblioteca Universitária da UFSC.
A reportagem lembra que Saramago foi homenageado pela federal de SC um ano depois de ser agraciado com o Nobel de Literatura. Na época, a Companhia das Letras, que lançava os livros de Saramago no Brasil, organizou uma turnê do escritor para promover e discutir a sua obra. Por conta disso, professores do Centro de Comunicação e Expressão propuseram conceder a ele o título de Doutor Honoris Causa. A proposta foi aceita no Conselho Universitário por unanimidade e o então reitor Rodolfo Pinto da Luz iniciou a negociação para trazê-lo a Florianópolis.
“Foi extremamente fácil, uma pessoa simples, um grau de humildade grande, que tinha como staff uma única pessoa, que era quem cuidava de todas as coisas em volta. Então foi extremamente fácil trazê-lo, hospedá-lo, e fazer a cerimônia de outorgação do prêmio”, lembra o professor Lúcio Botellho, que era vice-reitor naquele momento.
Ele também relembra, na reportagem, um episódio que resultou em um presente de valor inestimável: o discurso, rascunhado, que o escritor fez na solenidade. Botelho pediu o manuscrito, mas Saramago negou, alegando que tinha muitas correções. Tendo-o esquecido numa mesa, foi recuperado pelo vice-reitor, que foi devolver o documento, mas ganhou de presente. “Para minha surpresa, no dia seguinte, eu fui pegá-lo no hotel para levar ao aeroporto e ele disse: ‘o discurso é seu por merecimento’”, narra Botelho.
O professor e escritor Alcides Buss também foi entrevistado na reportagem que relembra a passagem de Saramago pela UFSC. “Um momento único, um estimulo para o escritor local, que batalha e tem uma dificuldade imensa para transpor barreiras”, disse. Buss fez um paralelo disso com a trajetória do próprio José Saramago, de origem camponesa. Por falta de dinheiro, não chegou sequer a completar o curso ginasial, ou “liceal”, na expressão portuguesa. Até os 44 anos, sua vida teve pouca relação com a literatura. Foi serralheiro, desenhista, funcionário de saúde pública e depois editor, como registra um texto de homenagem publicado logo após sua morte.
Essa trajetória foi lembrada pelo escritor no discurso que ele fez na UFSC. “Meu caminho vital teve origem no seio de uma família de camponeses pobres e analfabetos”, disse. “Apesar de não ter tido a fortuna de beneficiar de estudos adiantados, creio ter feito uma obra digna”.
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Fonte: Notícias da UFSC