Em outubro, um grupo acusado de neonazismo foi preso em Santa Catarina. Dos seis suspeitos, quatro são alunos da UFSC
Nesta segunda-feira, dia 7, às 10h30, o Centro Acadêmico Livre de Letras (CALL/UFSC), em parceria com outros centros e entidades que fazem parte do movimento estudantil da universidade, realizará um ato de entrega da carta à Reitoria sobre “os criminosos neonazistas na UFSC“, exigindo respostas sobre o assunto.
No dia 23 de outubro, o Fantástico noticiou que a polícia prendeu um grupo de jovens acusados de neonazismo em Santa Catarina. Dos seis suspeitos presos, quatro são alunos da UFSC: são estudantes dos cursos de Letras, Engenharias e Direito. Além disso, outras manifestações de cunho neonazista foram registradas na universiade nos últimos dias.
Entre as reivindicações dos centros acadêmicos que serão entregues à Reitoria, estão a expulsão dos envolvidos e o comprometimento com a tomada de duras ações administrativas e de conscientização que visem prevenir a entrada dos elementos neonazistas na universidade.
A carta incluirá também reivindicações dos docentes. Na última quinta-feira, dia 3, as coordenações de Letras Português e Letras Estrangeiras convidaram professores de Letras e Secretariado Executivo para uma reunião que discutiu o assunto. Segundo o CALL, todos os presentes demonstraram preocupação diante da situação, além de se solidarizarem com a apreensão vivida pelo corpo estudantil, que reivindicou um posicionamento mais assertivo por parte dos professores.
A partir deste encontro, ficou definida a inclusão de reivindicações dos docentes na carta escrita pelo CALL que será entregue à Reitoria. Entre elas, estão: a criação de um protocolo a ser seguido pelos docentes em casos de opressão e discriminação em sala de aula, facilitando a aplicação de medidas efetivas; a disseminação de conhecimento jurídico em relação às medidas cabíveis em casos dessa natureza; viabilizar a criação de uma ouvidoria do CCE, com o objetivo de agilizar a atribuição de encaminhamentos às denúncias feitas por membros do centro.
Além da mobilização desta segunda-feira, o Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos (DCE/UFSC) convocou todos os Centros Acadêmicos, o Diretório Acadêmico Livre das Engenharias da Mobilidade e o Grêmio Estudantil do Colégio de Aplicação da UFSC para reunião do Conselho de Entidades de Base na quarta-feira, dia 9, ao meio-dia. Entre as pautas da reunião está a discusssão sobre as manifestações nazistas na universidade.
Política de Enfrentamento ao Racismo
Na última terça-feira, dia 1°, a Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi assunto de audiência pública. No evento, foi apresentada e discutida a minuta, que deve ser enviada ao Conselho Universitário (CUn) ainda no mês de novembro. Com recentes e recorrentes casos de racismo, xenofobia, machismo, transfobia, além da prisão de estudantes por práticas neonazistas, a implementação desta política se tornou uma urgência para a universidade.
Na ocasião, o reitor Irineu Manoel de Souza enfatizou a urgência da aplicação desta política. “Estamos completando quatro meses de gestão e convivendo com situações que, quando éramos candidatos, não ocorriam com tanta frequência. Tínhamos todo um projeto. Não imaginávamos que chegaríamos na gestão e começaríamos a viver com situações de racismo diariamente, prisão de estudantes por participar de movimentos neonazistas”, lamentou. “Embora presentes na universidade, não conseguíamos enxergar de uma maneira tão brutal, tão presente, essas situações. Não é novidade, mas se destacaram diversos eventos dessa natureza que nos deixaram preocupados além do normal”, complementou o reitor.
Nesta quinta-feira, a UFSC voltou a se manifestar sobre casos de racismo, nazismo e outros discursos de ódio ocorridos na instituição. Em nota, a Administração Central informa que está encaminhando à Polícia Civil todos os casos deste tipo que ocorrem nas dependências da instituição, “uma vez que se tratam de crimes”. “O procedimento segue orientação do próprio delegado que está investigando o caso da célula neonazista identificada em Santa Catarina, cujo inquérito transcorre em sigilo”, diz a nota.
Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc