*Por Helton Ricardo Ouriques
Temos novamente duas chapas disputando a direção da Apufsc-Sindical. O que teoricamente seria saudável, denotando a preocupação dos docentes com os rumos do movimento sindical.
Contudo, na atual eleição, não tenhamos ilusões do que está em jogo, apesar da retórica “amorosa” da chapa de oposição. O passado tem sempre algo a dizer, conforme nos ensinou um grande historiador (Braudel). E é preciso lembrar o que fizeram esses arautos da “democracia e autonomia”, há não muito tempo. Revoltados com a mudança histórica promovida pela Apufsc em 2009, que decidiu soberanamente e por maioria esmagadora desfiliar-se do Andes-Nacional e ter um sindicato autônomo, esse pequeno, mas ruidoso grupo, desvinculou-se da Apufsc-Sindical e passou a operar com um sindicato clandestino (AndesUFSC), que foi declarado ilegal e finalmente extinto recentemente. Esses colegas nunca foram democratas (afinal, nunca respeitaram a decisão da maioria!) e jamais
exercitaram a autoproclamada “autonomia”.
Qual era e ainda é a verdadeira intenção desse grupo, que abandonou a Apufsc-Sindical e criou seu sindicato paralelo? Eles pretendiam enfraquecer o sindicato de origem. E é preciso dizer quem são: são os andesianos, hoje agrupados, mesmo que sorrateiramente, em torno da chapa 2. Esse grupo objetivava e objetiva destruir a Apufsc-Sindical, que tinha rompido com o Andes-Nacional, em uma rebelião do conjunto de professores da UFSC contra as práticas vanguardistas e sectárias, completamente desconectadas das preocupações e interesses da maioria dos docentes das universidades.
O esforço em dissolver a Apufsc-sindical, através do sindicato paralelo, felizmente não deu certo. E a justiça mandou fechar esse grupamento e estipulou pesadíssima multa ao Andes-Nacional (aproximadamente R$ 2.450.000,00), por conta da atuação ilegal em base territorial da Apufsc-Sindical, multa essa que está sendo cobrada, com sentença definitiva da justiça. Ou seja, em virtude das práticas ilegais e irresponsáveis de alguns docentes aqui da UFSC, os filiados nacionais do Andes terão que arcar com esse valor. A aventura do sindicato paralelo AndesUFSC gerou prejuízos, confusão política, roubou tempo e energia dos filiados, e expôs parte minoritária da categoria a ilegalidades, por acreditarem que estavam protegidos juridicamente pelo abrigo sindical.
A estratégia agora é outra: diante da impossibilidade de enfraquecer a Apufsc-Sindical por fora e depois de a categoria votar pela filiação ao Proifes (uma federação de sindicatos autônomos), dessa vez eles se lançam à disputa pela direção do sindicato com a chapa 2 não para administrar a Apufsc-Sindical, mas sim para acabar a mesma.
É preciso dizer com todas as letras: o que querem é o terceiro turno das votações recentes de filiação sindical e voltar ao Andes-Nacional, inclusive para que a Apufsc-Sindical não receba a dívida que eles tem conosco, definida pela justiça recentemente. O que querem, além disso, é transformar a Apufsc-Sindical novamente em um aparelho partidário a serviço do esquerdismo (como o Conlutas e outras correntes políticas minúsculas de vários andesianos), como já fizeram no passado. E esse foi um dos motivos do levante das bases do professorado filiado à Apufsc, iniciado em 2009! Certas coisas não se esquecem, apesar da narrativa emotiva e supostamente agregadora de alguns. Esse esquerdismo, eivado de um pueril oportunismo, teima em dar as caras. Eles trabalharam na surdina por muito tempo para desacreditar e enfraquecer a Apufsc-Sindical. Voltaram para o sindicato e vem atuando, mesmo que com algumas faces novas, com a velha roupa puída do passado: a) discursos bonitos, com chavões revolucionários; b) atitudes messiânicas, como se fossem os “portadores da virtude e da fé”; c) desejo de controlar o sindicato, transformando-o no aparelho por eles usado no passado.
Nesse tempo trágico que vivemos em âmbito nacional, em que está em jogo a própria sobrevivência democrática da nação, chega a ser patético que a chapa 2 fale em “democracia”. O Andes-Nacional, recentemente, declarou neutralidade nas eleições presidenciais (65º Conad), tendo sido criticado pela própria oposição interna (RenovaAndes).
Neutralidade e/ou nulidade nesses tempos? Vários componentes da chapa 2 praticam, na verdade, um tipo de bolsonarismo esquerdista (sim, isso é mesmo bizarro!), tanto pela radicalidade discursiva (desagregadora e agressiva), quanto pelo aparelhismo sindical que desenvolvem (uma quase-milícia). Por fim, mas não menos importante, no programa da chapa 2 você não lerá essas informações, mas deixo registrado que, caso eles vençam essa eleição, algumas medidas serão imediatamente postas em prática: 1) Alteração do estatuto da Apufsc-sindical, com o objetivo de modificar o quórum de votação para filiá-la ao Andes-Nacional; 2) Abdicação da autonomia sindical da Apufsc-sindical; 3) Rediscussão do processo de filiação nacional da Apufsc, com propósito de refiliação ao Andes-Nacional; 4) Perdão da dívida milionária do Andes-Nacional junto a Apufsc-Sindical, gerada pela aventura da criação do sindicato paralelo; 5) colocação da Apufsc-Sindical a serviço do esquerdismo em âmbito nacional (CSP-Conlutas).
Portanto, não adianta a chapa 2 vender a ideia de que estão falando “de colegas para colegas”, de que são uma chapa alternativa e de que defendem “a autonomia e a democracia”, porque sabemos o que vocês fizeram nos verões passados.
*Helton Ricardo Ouriques, Departamento de Economia e Relações Internacionais