Transformado em um grande vestibular desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio é a porta de entrada para dezenas de instituições de ensino superior públicas brasileiras
A partir de 2024, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá mudanças. Como o novo ensino médio prevê itinerários formativos para o estudante se aprofundar nos conteúdos em que deseja, no Enem o vestibulando poderá escolher entre quatro opções de blocos curriculares, de acordo com o curso superior que aspira. O exame seguirá sendo aplicado em dois dias, como ocorre atualmente. O primeiro terá questões obrigatórias a todos os candidatos, que deverão demonstrar conhecimento em Matemática, Língua Portuguesa e Redação.
Já no segundo dia o candidato poderá escolher a prova direcionada a um de quatro blocos. São eles: Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Além da alteração da divisão dos conteúdos, outra novidade para 2024 é que a prova, hoje formada só por perguntas de múltipla escolha, passará a ter também questões discursivas. Ou seja, os participantes terão de resolver problemas matemáticos ou escrever respostas por extenso.
Para Tadeu da Ponte, coordenador do vestibular do Insper e fundador da Primeira Escolha, ao incluir questões discursivas no exame, cria-se a possibilidade de avaliar a capacidade cognitiva do estudante de forma mais sofisticada. “Com as questões discursivas, por um lado, se consegue avaliar outras competências, como a capacidade de o aluno formular hipóteses científicas. Mas são respostas que levam mais tempo para serem realizadas, haverá uma limitação em termos de quantidade e isso pode criar um problema de métrica, em termos estatísticos. O poder seletivo do exame pode cair”, pondera.
Como o Enem tem mudado
Transformado em um grande vestibular desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a porta de entrada para dezenas de instituições de ensino superior públicas brasileiras. É por meio dele, considerando o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que o Ministério da Educação seleciona candidatos para mais de 2 mil cursos de graduação no ensino superior. Nesta próxima edição, estão sendo ofertadas 65.932 vagas em 2.043 cursos de 73 instituições de ensino públicas. Em 2009, quando o Sisu estreou, eram 48 mil vagas em 49 universidades.
Por isso, não à toa, o exame movimenta milhões de candidatos. Neste ano são 3.396.632 de inscritos confirmados. Além de representar a entrada na faculdade, o Enem ainda é usado pelo Ministério da Educação como critério para outros programas, como o ProUni, que distribui bolsas de estudo em instituições privadas, e o Fies, que é o financiamento estudantil.
E não é uma opção só nacional. Um exemplo: em mais de 50 instituições portuguesas, o exame é utilizado como prova de seleção. A parceria com o Inep data de 2014 e vale lembrar que estudantes brasileiros que se formam em Portugal precisam passar pela revalidação dos diplomas, conforme prevê a legislação vigente. O acordo entre os países não prevê transferência de recursos por parte do Brasil. Em Portugal, mesmo nas universidades públicas, os alunos precisam pagar uma taxa de coparticipação para custear os estudos.
Fonte: Estadão