Planejamento de políticas do setor fica prejudicado sem diagnósticos bem embasados, ressalta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois
Entre vários retrocessos debatidos no campo educacional, um deles é menos visível, mas também gera prejuízos graves ao setor: o atraso ou a dificuldade de acesso a dados fundamentais para o melhor diagnóstico e desenho de políticas públicas. São vários os motivos que nos levaram a essa situação. Um deles está na maior dificuldade de acesso aos microdados, arquivos utilizados por pesquisadores e jornalistas que permitem o cruzamento de múltiplas variáveis coletadas nas bases de dados do Inep, autarquia responsável pelas avaliações e estatísticas oficiais da educação. O órgão se baseou numa interpretação considerada por muitos especialistas demasiadamente restritiva da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) para diminuir o acesso a essas bases.
Num momento tão propício – em condições normais de temperatura e pressão política – ao debate de soluções para o país devido às eleições, nossa capacidade de análise e de entendimento da complexidade dos problemas educacionais fica comprometida. Apenas para citar um exemplo, a editora Moderna e o movimento Todos Pela Educação anunciaram recentemente que o Anuário Brasileiro da Educação Básica, que era publicado desde 2012 e trazia sempre um importante retrato da situação do setor, não será publicado neste ano, por falta de dados. Grupos de pesquisas e outras organizações da sociedade civil têm relatado problemas similares: estão deixando de atualizar suas séries históricas por causa da restrição aos dados.
Leia na íntegra: O Globo