Na UFSC, as mulheres são minoria no corpo docente e nos cargos de chefia
O Dia Internacional da Mulher foi criado para cobrar condições mais dignas de trabalho, igualdade no acesso a direitos e a inclusão social feminina. Hoje, a participação das mulheres nos espaços de produção de conhecimento ainda é uma luta constante.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as mulheres ainda são minoria no corpo docente. Segundo dados do Observatório UFSC, em 2022 são 1.290 professoras e 1.597 professores. Os números reduzem ainda mais quando se observa a posição dessas mulheres em cargos de chefia, na liderança de grupos de pesquisa e entre bolsistas de produtividade.
As mulheres representam 46% entre líderes de grupos de pesquisa certificados, 35% entre bolsistas de produtividade e 46,71% entre as orientadoras de IC/ICTI, de acordo com dados divulgados em 2020.
Naquele ano, 470 mulheres ocupavam cargos de liderança na UFSC, uma minoria com relação aos 640 homens. Na coordenação dos programas de pós-graduação, eram apenas 41%.
Gabriela Kaiana Ferreira, professora do Departamento de Física do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (FSC/CFM) e diretora financeira da Apufsc, reflete sobre a disparidade: “Decidir e seguir por uma carreira científica em áreas tradicionalmente dominadas por homens, associada às expectativas opressoras e sexistas socialmente impostas, parece ser um obstáculo quase intransponível para uma menina ou mulher que não recebe apoio”.
Ela defende a necessidade urgente de mudanças: “Uma sociedade mais justa é uma sociedade diversa, inclusiva e que defende a equidade. Uma ciência mais justa é uma ciência em que todas nos sintamos representadas e seguras, em que tomemos decisões e que possamos também contribuir para o desenvolvimento científico.”
Quando assumiu a superintendência de projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFSC, em 2019, a professora Maique Weber Biavatti, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, refletiu sobre essa distorção: “As diferenças não são uma questão da UFSC, são uma questão cultural na qual estamos inseridos”.
Mais do que participar cada vez mais do espaço de produção de conhecimento, é preciso reivindicar que as mulheres ocupem cargos de liderança em que possam tomar decisões. “É fundamental ter mulheres em lugares de poder e de reconhecimento, pois esse é um forte exemplo que inspira outras meninas”, sintetiza a professora Miriam Grossi.
A maior presença feminina na universidade e nas áreas de produção de conhecimento dialogam com o tema definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Internacional da Mulher em 2022: “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”. Com essa temática, a ONU reconhece a contribuição de mulheres e meninas em todo o mundo na liderança da tarefa de adaptação às mudanças climáticas, mitigação e resposta, para construir um futuro mais sustentável para todas as pessoas e o planeta.
Nesta data, a Apufsc-Sindical defende que a universidade pública é lugar de mulher, o serviço público é lugar de mulher, e somente com equidade de gênero é possível construir uma sociedade mais igual.
Imprensa Apufsc