No texto, entidade reivindica melhores condições de trabalho e faz apelo para que a sociedade mantenha os cuidados contra a Covid-19
A poucos meses de completar dois anos de pandemia da Covid-19, o Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC) divulgou uma carta aberta denunciando as condições de trabalho dos profissionais da área e clamando pela colaboração dos catarinenses. Gelson Luiz de Albuquerque, presidente do órgão e professor aposentado da UFSC, afirma que a nota é “um dos últimos gritos de alerta”.
Segundo Albuquerque, a categoria de profissionais de enfermagem já enfrentava problemas há alguns anos e a pandemia expôs a realidade ainda mais. Ele relata que, com a nova onda da doença, a situação não é boa. “Há falta de pessoas, área física inadequada, falta de leitos no SUS, de consciência da população e de decisão política correta dos gestores”.
A publicação do Conselho se posiciona contra a liberação do uso de máscaras em lugares abertos e a autorização de eventos. Ainda, alertam para a escalada de mortes diárias. “Por mais branda que seja a atual “onda”, não é aceitável perder pessoas pela absoluta arrogância das autoridades, que teimam em reconhecer a necessidade de frear essa curva ascendente de casos”.
O documento também pede a aprovação do Projeto de Lei 2564/2020, que tramita no Congresso e estabelece o Piso Nacional de salários para a enfermagem. O presidente do Coren-SC ressalta, que para receber um salário melhor, muitos profissionais da área trabalham cerca de 44h semanais, enquanto que o recomendado é não exceder 30h. “Eu conheço colegas que não tiraram mais férias durante dois anos, que não têm mais finais de semana, porque assim ganham hora extra. Mas não queremos mais a hora extra, queremos ganhar salário. Hora extra não é algo do cotidiano, da vida inteira.”
Em trecho da carta, o Coren-SC reforça: “Cifras bilionárias chegaram ao Estado e às Instituições para dar conta de atender à pandemia! Mas você sabe qual é a média salarial de um Enfermeiro, com formação universitária, em nosso Estado, para trabalhar 44 horas semanais? Dois mil e quatrocentos reais. Um Técnico de Enfermagem, com formação em nível médio, R$ 1.600, um Auxiliar de Enfermagem, R$ 1.300! Até quando aceitaremos isso? A população precisa saber que nossos colegas, estão exaustos!”
Com o acúmulo de horas de trabalho e má remuneração, Albuquerque diz receber muitas reclamações de exaustão dos profissionais da saúde. Por isso, faz um apelo para que os catarinenses colaborem. “Pedimos que a população se resguarde, siga as normas sanitárias, deixe de ir a eventos. Pare um pouco. Eu sei que está todo mundo cansado, mas nós também estamos muito cansados”.