As canetadas desiguais do orçamento

Os investimentos feitos com o Orçamento da União em 2021 deixam claras as prioridades do governo. Foram gastos quase 17 bilhões de reais com emendas de relator, instrumento pouco transparente de repasse de verbas dos parlamentares. Esse valor superou o gasto do governo com a compra de vacinas da Pfizer. O principal destino das emendas parlamentares foi a compra de máquinas de construção produzidas por uma empresa de Minas Gerais. Para isso, o governo desembolsou 382 milhões de reais – oito vezes o dinheiro usado em apoio à educação infantil. Os militares também receberam uma fatia generosa do Orçamento. A compra de caças para a Força Aérea Brasileira, por exemplo, custou 1,4 bilhão de reais – onze vezes o valor usado para proteger terras e direitos indígenas. Alguns setores foram preteridos. O pacote de investimentos relacionados às mudanças climáticas – que inclui estudos e projetos para a redução das emissões de carbono – ficou na última posição do ranking de investimentos do governo. O =igualdades desta semana ilustra o desequilíbrio na utilização do Orçamento da União em 2021.

A União destinou 16,7 bilhões de reais do Orçamento de 2021 às emendas de relator, instrumento pouco transparente de repasse de verbas a parlamentares. Esse valor supera o que foi pago na compra de vacinas contra a Covid-19 da farmacêutica Pfizer – 12,2 bilhões de reais. A Pfizer foi a empresa que mais recebeu recursos da União no último ano, durante a maior campanha de imunização da história do país. Até dezembro de 2021, o Brasil aplicou 153 milhões de doses de vacina da Pfizer – quase metade do total de doses. 

O principal destino das emendas parlamentares em 2021 foi a compra de caminhões guindaste, carregadeiras, escavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores da empresa XCMG Brasil Indústria LTDA, localizada em Minas Gerais. Ao todo, os parlamentares destinaram 382 milhões de reais do Orçamento à compra desse maquinário. Já para a construção e ampliação de escolas de educação infantil, incluindo compra de equipamentos e mobiliário, o governo empenhou 50 milhões de reais.

Leia na íntegra: Piauí