Por Nestor Roqueiro*
Deveria dizer que fiquei surpreso, mas depois do que tenho visto ao longo desta pandemia estaria mentindo. Portanto surpreso não estou com a manifestação “em vídeo” de uma professora da UFSC incentivando à população a NÃO SE VACINAR. Nem vale a pena gastar texto e paciência em rebater opiniões, porque argumentos não são. No que queria me concentrar em explicitar aqui é a reação da UFSC ante tal campanha difamatória da ciência. A reitoria, até onde me consta, escreveu uma nota pública. É pouco, é muito pouco para um ataque dessa envergadura à ciência, aos cientistas, aos professores que formam futuros profissionais, aos técnicos que colaboram nesta formação e em pesquisa e aos próprios estudantes que recebem um “exemplo” deste calibre. Também não vou me deter a discorrer sobre o estrago à saúde pública, mais ainda vindo de uma “professora” da UFSC, que devia ser referência de defesa e consolidação do conhecimento científico para a população geral, tão desfalcada na atualidade de autoridades com respeito ao conhecimento científico.
Não interessa se a referida professora se identifica como tal no famigerado vídeo. É de conhecimento público sua condição de professora da nossa universidade. E ela, assim como todos nós, funcionários públicos, deveríamos nos pautar pela ética em nossas manifestações públicas, que é o caso.
Tratar este caso como corriqueiro, de pouca monta, sem consequências maiores é um grande equívoco. É responsabilidade nossa defender a ciência, o conhecimento científico, o método científico e os cientistas que trabalham e se formam nesta instituição. A própria instituição está em perigo. Precisa de uma defesa à altura dos acontecimentos e do momento que nos toca viver.
A indignação deveria ser geral e manifesta. Lamentavelmente somente temos uma nota da reitoria, nada mais.
Já me manifestei quando a teoria da evolução foi atacada, agora é sobre as vacinas, falta algum professor defender a platitude da terra e ficar por isso mesmo.
Professor do Departamento de Automação e Sistemas