A professora Eleonora Albano, neste artigo, faz reflexões sobre as mudanças na Universidade que estão alterando a pós-graduação
Eleonora Albano é professora do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp
A minha resposta à pergunta “a pós-graduação está em perigo?” é sim. Contudo, não creio que a pós-graduação esteja em risco de extinção e, sim, de descaracterização e retração. Ou seja, ela não é mais a mesma e está encolhendo, à medida que vai deixando de ser viável, com qualidade, em certas áreas e/ou em certas instituições.
Além disso, está sendo pressionada a se assemelhar cada vez mais à especialização – que, em princípio, deveria ter outras finalidades. É justamente essa sobreposição entre pós-graduação e especialização que nos dará ocasião de discutir, logo adiante, a urgência e a importância da avaliação quadrienal.
Mas, antes, vamos ao que entendemos por descaracterização e retração. Na verdade, são tendências mundiais, emergidas na década de 1960, e constituem uma grave ameaça à ciência em geral. Porém, tornam-se ainda mais graves – e muito mais perversas – nos países periféricos. E, infelizmente, como sabemos todos, nunca em sua história republicana o Brasil foi tão periférico quanto é agora.
Paradoxalmente, a nossa pós-graduação, que nasceu e se consolidou ao longo do mesmo período, só recentemente vem sendo afetada por essas mudanças. Isso se deve ao fato de os programas de pós-graduação terem sido implantados por quadros acadêmicos formados dentro da velha ordem.
Leia na íntegra: A Terra é Redonda