Professores da UFRJ protestam contra Bolsonaro por excluir cientistas de honraria

Em carta, grupo repudia a decisão do presidente e ressalta que o título seria concedido a Marcus Lacerca e Adele Benzaken por mérito científico e não por ‘injunção política’, informa a CNN Brasil

Quarenta e quatro professores eméritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) protestam em carta aberta contra a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de retirar os nomes de dois pesquisadores da lista de homenageados da Ordem Nacional do Mérito Científico. No sábado (6), outros 21 cientistas brasileiros, também em repúdio, comunicaram suas renúncias ao título.

CNN entrou em contato com a assessoria de comunicação da Presidência, questionou o motivo da exclusão dos nomes dos pesquisadores e aguarda respostas.

No documento assinado pelos professores da UFRJ, o grupo ressalta que os nomes presentes na condecoração foram indicados por uma comissão paritária de membros do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC).

Leia a carta:

Os Professores Eméritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abaixo assinados, vêm a público expressar a sua indignação e repudiar a injusta exclusão dos cientistas Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda da lista de agraciados com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Os seus nomes foram indicados por uma comissão paritária de membros do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), o que garante que sua escolha se dê em virtude de seu mérito científico, fora de toda e qualquer injunção política.

Em decreto de 3 de novembro de 2021, o atual ocupante do Palácio do Planalto publicou a lista dos agraciados com a honraria e, em 5 de novembro de 2021, o Presidente da República, surpreendentemente, fez publicar novo decreto excluindo os dois cientistas acima mencionados, por pura perseguição política.

Essa atitude indigna é marca de governos autoritários, condizente com o negacionismo do atual governo, que, durante a pandemia de Covid-19, se posicionou e agiu contra todas as recomendações científicas dos especialistas em saúde pública do país. Somado a isso, cortes financeiros abusivos vieram sufocar o financiamento de  universidades e centros de pesquisa brasileiros, mostrando a sua total falta de visão e desprezo pela ciência e pelo próprio desenvolvimento do país.

Assim, prestamos nossa solidariedade aos cientistas Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, excluídos da lista de agraciados por motivos políticos, bem como aos 21 (vinte e um) cientistas que renunciaram coletivamente às suas indicações.

Leia na íntegra: CNN Brasil