Por José Guadalupe Fletes*
Em 19 de julho de 1979, a Revolução Popular Sandinista derrubava uma ditadura sanguinária da dinastia da família Somoza instaurada desde 1936. O movimento liderado pela Frente Sandinista (FSLN) aliou o cristianismo de libertação e o marxismo, governando através de uma Junta de Reconstrução Nacional de 1979 até 1990, como 1ª etapa, havendo grandes avanços nas áreas de educação, cultura, saúde, economia, reforma agrária e grande participação popular.
A FSLN sob comando de Daniel Ortega, volta ao poder em 2006, sendo reeleito em 2011 e 2016, convertendo-se num tirano, ditador sanguinário e criminoso, déspota, autocrata, traindo os princípios do sandinismo.
Neste domingo 7 de novembro concorre à presidência, após uma grave crise desencadeada a partir de abril de 2018 com a repressão brutal e sanguinária aos movimentos de reivindicações democráticas e populares. No domingo, 7 de novembro, serão realizadas as eleições com Daniel Ortega para presidente e Rosário Murillo (sua esposa) para copresidenta. No entanto, é de se destacar que:
- Encarcerou sete (7) candidatos presidenciais, forçando ao exílio outros dois (2), cancelou o registro de mais três (3) partidos políticos de oposição e prendeu líderes históricos ex-guerrilheiros da revolução de 1979 (Dora Maria Téllez, Victor Hugo Tinoco e Hugo Torres Jiménez);
- Desde abril de 2018, quando grandes manifestações ocorreram, assassinou mais de 500 estudantes (inclusive uma brasileira, Raynéia Lima, em 23/07/2018) e cidadãos opositores, bem como tem nas prisões mais de 200 presos políticos, com mais de 150.000 exilados em vários países (inclusive aqui em Florianópolis);
- Fechou vários veículos de comunicação, bem como entidades da sociedade civil que protestavam pela falta de liberdade de expressão, associação e organização;
- Ignora as resoluções e recomendações das diversas entidades de Direitos Humanos Internacionais de Medidas Urgentes requerendo a liberação imediata de todos os presos políticos;
- Não cumpriu a resolução da Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos (OEA) de 22 de outubro que recomenda as reformas eleitorais que deveriam ser implementadas conforme acordado em maio, para se ter uma eleição livre e limpa, pois da forma que está encaminhada intenta montar uma ditadura dinástica, se equiparando com aquela que foi derrubada em 1979 através de uma revolução popular.
Diante desse quadro, sob filtros de censura, a eleição que ocorrerá no domingo (7/11) não será nada mais do que um teatro, uma eleição de “faz de conta”, uma encenação de mau gosto a essa altura, quando tantas arbitrariedades já aconteceram, quando já morreram centenas nos protestos contra o governo, centenas de presos políticos sem nenhum julgamento e continuam sequestrados e detrás das grades políticos, empresários e ativistas populares. É um regime que tem as mãos sujas de sangue, um genocida de lesa humanidade!
É uma farsa eleitoral o que ocorrerá na Nicarágua!
#Las calles no callan hasta que Ortega-Murillo se vayan!
#S.O.S Nicarágua!
José F. D. de Guadalupe C. Fletes (Professor da UFSC)
Jorge Fidel Berrios Castro[1] (Asilado Político).
[1] Jorge nascido em 1982 (durante o processo revolucionário), oficial bombeiro-voluntário e educador infantil, nas manifestações entre abril e julho de 2018 recebeu ordens do regime de não socorrer os manifestantes feridos. Ele, coerentemente com sua profissão de bombeiro-voluntário, desobedeceu as ordens a partir do qual começou a ser perseguido e ameaçado, tendo que fugir para Guatemala onde residiu até novembro de 2020. Pediu asilo na embaixada do Brasil na Guatemala, conseguindo chegar em São Paulo no dia 20/11/2020. No aeroporto, pesquisando qual seria a cidade para a qual se destinaria, escolheu a cidade de Florianópolis, por acaso e a partir das fotos vistas nos diversos sites visitados. Decidiu embarcar no 1º voo disponível chegando à noite onde foi bem acolhido e encaminhado para as dependências da passarela Nego Quirido. A partir de novembro e conhecendo os coordenadores do projeto da ONG “Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas – NURREVI” e em seis meses passou de refugiado a coordenador de projeto social. Apresentou outro projeto junto ao Centro SOMAR de Inovação Social, sendo aprovado e realizando atualmente o Curso de Treinamento para pôr em prática assim que alocarem os recursos. https://www.youtube.com/watch?v=JxgX-odOMTQ
*Professor do CTC–INE e diretor de assuntos de aposentadoria na gestão 2020-2022