Neste artigo, publicado no Globo, Luciana Vieira Souza da Silva relembra a trajetória do investimento na ciência para delimitar sua importância na sociedade
Luciana Vieira Souza da Silva é Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (2020), mestra em Estudos Culturais (2015), licenciada em Ciências da Natureza (2012), ambos pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, e membro do grupo de pesquisa “História e Historiografia das Ideias e dos Intelectuais da Educação”
Na mesma semana em que pensava no tema do meu primeiro artigo para este blog, a academia brasileira foi surpreendida com um novo corte de financiamento, desta vez no orçamento do CNPq [1]. As batalhas travadas pela ciência nacional nos últimos anos para manter-se em funcionamento se intensificaram durante a pandemia de covid-19, visto que as instituições têm de se equilibrar entre os ataques provenientes do campo político e o negacionismo, presente em diferentes esferas da sociedade. Analisando rapidamente essa realidade, não é exagero fazer alusão a um cenário de guerra. Aliás, as relações entre ciência e guerra não são novidade na história das ciências no Brasil.
Em agosto de 1942, quando Getúlio Vargas declarou guerra aos países do Eixo no contexto da Segunda Guerra Mundial, Jorge Americano, reitor da Universidade de São Paulo (USP), organizou os Fundos Universitários de Pesquisas para a Defesa Nacional (FUP), uma política científica especialmente voltada ao esforço de guerra. Dentre as motivações para a sua criação, estava a necessidade de fabricar produtos para a Marinha e o Exército, que à época estavam com dificuldade em estabelecer acordos com o exterior. Os FUP mobilizaram uma rede de colaboração entre a USP, setores da indústria, do comércio, agentes individuais e políticos. Dentre as pesquisas desenvolvidas para o esforço de guerra, destaca-se o Sonar (Sound Navigation and Ranging), cuja demanda veio da necessidade de detectar submarinos que promoviam ataques a navios brasileiros. A pesquisa e construção foi encabeçada pelo Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL-USP) em colaboração com outros departamentos e institutos [2].
Leia na íntegra: O Globo