É sabido que há fortes interesses de entes privados, que atuam na educação, na desregulamentação das diversas instâncias do ensino superior e da pesquisa, afirma Flavia Calé ao Jornal da USP
Flávia Calé, doutoranda da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), escreve neste artigo sobre a suspensão da avaliação da Capes e aponta possíveis interesses por trás
Uma decisão liminar proferida por um juiz de primeira instância, da 32ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, determinou a suspensão da avaliação quadrienal da Capes, paralisando um processo complexo do Sistema Nacional de Pós-Graduação, composto de mais de 4.600 (quatro mil e seiscentos) programas de mestrado e doutorado.
A avaliação dos programas de pós-graduação visa a buscar parâmetros que assegurem qualidade à produção científica brasileira e à formação de profissionais altamente capacitados em todas as áreas do conhecimento. A avaliação busca fundamentalmente vincular a produção acadêmica aos desafios do desenvolvimento brasileiro.
A suspensão desse processo gera um prejuízo difícil de mensurar, dado o tamanho das consequências negativas. Diria que a principal delas é a descontinuidade do aprimoramento qualitativo do processo de avaliação e o efeito colateral imediato pode ser a perda da credibilidade e reputação de todo o Sistema Nacional de Pós-graduação. A não realização da avaliação pode gerar também um apagão de dados sobre a produção científica brasileira.
É sabido que há fortes interesses de entes privados, que atuam na educação, na desregulamentação das diversas instâncias do ensino superior e da pesquisa. Seria essa a motivação oculta desta decisão judicial?
Leia na íntegra: Jornal da USP