Recurso nacional, jovens não atravessarão, aqui, a fronteira do conhecimento, aponta artigo publicado na Folha
A opinião de Alicia J. Kowaltowski (professora do Instituto de Química da USP), Paulo A. Nussenzveig (professor do Instituto de Física da USP) e Stevens Rehen (professor do Instituto de Biologia da UFRJ) destaca o descaso com o CNPq, a falta de investimento na pesquisa e a ida de cientistas brasileiros para outros países.
Em julho deste ano, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), principal órgão de financiamento à pesquisa federal, sofreu uma pane computacional por 20 dias. Cientistas de todo o país não puderam acessar dados de pesquisa nem submeter projetos ou avaliações através das plataformas que o órgão mantém.
Esse “apagão” temporário de dados científicos foi simbólico da situação nacional. Nos últimos 20 anos, o orçamento do CNPq nunca foi maior que modestos R$ 3,3 bilhões por ano, pico atingido em 2016. Desde então, vem caindo vertiginosamente, chegando a R$ 1,2 bilhão em 2021, valor menor que em 2001 e equivalente a US$ 228 milhões. Esse desfinanciamento público da ciência básica, aquela que sustenta todas as descobertas verdadeiramente inovadoras de um país, não é sem consequências. Financiamento atrai cientistas, e criatividade e trabalho de jovens pesquisadores sempre foi o alicerce que alavanca o desenvolvimento.
Como base de comparação, o orçamento do National Institutes of Health americano, responsável apenas por pesquisas na área biomédica, é superior a US$ 50 bilhões em 2021, um aumento substancial em relação ao já generoso orçamento de US$ 31,3 bilhões em 2016. Investimento nessa área é uma ação declarada do governo americano para promover desenvolvimento e enfrentar os desafios presentes e futuros da saúde. Não é surpresa que os EUA atraem cientistas bem formados de todo o mundo. Também não é surpresa que a procura de cientistas brasileiros por posições no exterior cresceu enormemente nos últimos anos: estamos sofrendo uma verdadeira debandada de cérebros, indicada pela queda acentuada da atratividade do país medida pelo Global Talent Competitiveness Index.
Leia na íntegra: Folha de S. Paulo