Colocando a UFSC no seu devido lugar

Professor Helton Ouriques ressalta importância de artigo publicado no Portal Making Of

Através da presente, solicito a divulgação na página da APUFSC do artigo abaixo, escrito pela colunista Janine Alves (www.portalmakingof.com.br), a respeito da UFSC.

Dado que há pouca assertividade dos dirigentes da instituição em defender nossa universidade dos ataques injustos que lhe são dirigidos, é motivo de satisfação ler esse texto de qualidade, que realmente coloca a UFSC no seu devido lugar.

Cordialmente

Prof Helton Ricardo Ouriques – Depto de Economia e Relações Internacionais da UFSC


Colocando a UFSC no seu devido lugar*

Samsung, Tim, Acate, Fiesc, Sebrae, Fapesc, ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), EmbrapII (Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial), Governo Federal, IBM, BNDES, Aneel, Finep, Weg, Embraco, Hospital SOS Cardio, Sesi, Caixa, Fundação Banco do Brasil, STF, Renner, Epson, Intelbras, OiTV, Caloi, Semp Toshiba, Embraer, Nokia, Hp, Philips, Engie, Marinha do Brasil, Bosh, Lenovo, Celesc, Petrobras, Siemens, Copel, Usiminas, Natura, esses são apenas alguns nomes de parceiros ou clientes de fundações ou laboratórios de pesquisa ligados a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

O trabalho e as pesquisas desenvolvidas por professores e alunos da Ufsc vai muito além do que se vê em sala de aula, pode estar no painel de um avião que sobrevoa a Europa, na TV que você assiste, na urna eletrônica que já é auditável e tão injustamente criticada, num aplicativo no celular na palma de sua mão, no eletroposto para você que tem um carro elétrico (ou que sonha em ter um) ou na ostra que chega a sua mesa e que nasce no laboratório de moluscos marinhos do Departamento de Aquicultura.

A Ufsc está classificada entre as melhores universidades do Brasil, está entre as melhores universidades da América Latina e ficou, em 2021, pela nona vez consecutiva, entre as mil melhores universidades do mundo do levantamento da QS World University Rankings. Apenas 27 universidades brasileiras estão nessa lista. A classificação é elaborada anualmente pela Quacquarelli Symonds (QS), empresa britânica especializada em educação.

Com a pandemia, pela primeira vez na história da Instituição, as aulas presenciais foram interrompidas dando lugar as ao ensino a distância – Ead, não que essa modalidade seja uma novidade, pois o Ead é uma das expertises da Ufsc, mas a força da Universidade está na presença diária de mais de 50 mil pessoas – entre professores, técnicos-administrativos em educação, alunos de todos os níveis de ensino e comunidade externa, que circulavam em seus espaços antes da crise sanitária – só no Campi de Florianópolis, existem outros 4: em Araranguá, Blumenau, Joinville, Curitibanos. Adaptar a estrutura da UFSC para receber esse número de pessoas é uma tarefa complexa e requer gastos adicionais para adaptação dos espaços e compra de material obrigatório de higienização.

A volta as aulas presenciais não é uma questão só de vontade, mas também de custos. Os cortes no orçamento para a educação atingiram em cheio o caixa da Universidade. Em 2021, a Ufsc conta com o menor orçamento dos últimos 12 anos, período em que também virou saco de pancada da mídia e nas redes sociais. As agressões muitas vezes vem de pessoas que nunca pisaram na universidade, não conhecem a rotina de professores, alunos e do pessoal administrativo. É fácil criticar o fato das aulas presenciais não terem voltado, mas pouco é o movimento dos representantes do Estado para pedir a solução dos problemas que atingem o caixa da instituição. O que ameaça o funcionamento da UFSC não é o ensino online, mas voltar ao ensino presencial sem dinheiro para pagar os custos de manutenção e segurança dessa instituição gigante.

Outro exercício básico que deve ser feito por quem hoje critica a Ufsc é olhar para as empresas públicas e privadas, polos de tecnologia, setor de turismo, cultura, entidades de classe, federações das industrias e do comércio, governo do Estado, prefeituras municipais, assembleia legislativa, câmaras municipais, meios de comunicação, etc., e verificar que até aqueles que criticam contam com colaboradores formados pela Ufsc ou mesmo em outras universidades, porque isso conta ponto para a educação superior.

A contribuição da Ufsc não está só na tecnologia de ponta e nos serviços prestados para os parceiros os clientes citados no primeiro parágrafo – e olha que não foi citado a contribuição do Hospital Universitário, dos atendimentos a comunidades ou dos trabalhos de extensão dos professores e alunos inclusive além das fronteiras do Estado,  esta também nos profissionais formados espalhados pelo mundo, por isso se for para fazer um movimento que seja de: compreensão e ação. Primeiro, a compreensão do impacto dos cortes no orçamento sobre a manutenção das instalações físicas, das atividades de ensino, pesquisa e extensão e, segundo, a ação para somar esforços e pressionar o Governo Federal a rever o posicionamento em relação as universidades federais e a pesquisa no Brasil. Educação é investimento e movimenta a economia, segundo estudo do Instituto de Economia Aplicada – Ipea o gasto com educação é o que mais eleva Produto Interno Bruto – PIB: a cada R$ 1 destinado a educação gera para o PIB um retorno de R$ 1,85.

Nada mais provinciano e subdesenvolvido do que atacar a educação ou uma universidade pública de excelência. A Ufsc é patrimônio catarinense e deve ser preservado. Se for para fazer um movimento que seja de defesa da educação e da Ufsc e, se for para lutar por algo, que seja pela informação de qualidade.

*JANINE ALVES

Graduada em Economia e doutora em Gestão do Conhecimento, faz parte do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Conhecimento, Aprendizagem e Memória Organizacional (Interdisciplinary research group on knowledge, learning and organizational memory), núcleo de excelência em pesquisa científica e tecnológica, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC/UFSC). Trabalhou como: professora da UFSC e Univali, colunista de economia do Grupo RIC Record (Jornal Notícias do Dia e Ric Record TV) e analista de economia na RBS – TV/ NSC – Diário Catarinense, Consultora de Economia Internacional para a CIP Cosultores – Espanha, Diretora do Escritório do Governo da Galicia/Espanha no Brasil, Diretora de Integração Internacional e Consultora de Economia do Governo de Santa Catarina (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Assuntos Internacionais), etc.