Confira na íntegra o posicionamento do reitor Ubaldo Cézar Balthazar
O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ubaldo Cesar Balthazar, enviou nesta sexta-feira, 20 de agosto, um ofício ao presidente-executivo do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli, com considerações quanto a um Editorial do Grupo, publicado na edição da mesma data, no Jornal Notícias do Dia. No documento, o reitor salienta que existe, por parte do grupo, uma “campanha deliberada de propagação de mentiras sobre a UFSC”.
Segundo o reitor, “A UFSC tem noção exata do prejuízo que a inação das autoridades, principalmente na esfera federal, trouxe à população. A negação da ciência, a desqualificação da pesquisa, a negligência com um programa de aquisição de vacinas, tiraram a vida de pessoas. Esse é o prejuízo que parecem fazer questão de ignorar. E vidas, senhor Marcelo, não se recuperam”.
Ubaldo destaca, ainda, que ao referirem-se ao reitor como “encastelado em sua bolha”, o Grupo denota o profundo desrespeito cultivado “pelo representante eleito por toda uma comunidade e que tem, sobre si, a responsabilidade de cuidar de vidas, de promover ciência e conhecimento, de gerir uma instituição atuante em todas as regiões do estado e que foi responsável pelo desenvolvimento de diferentes setores de SC e do país”.
Para o reitor, “a UFSC é muito maior do que desejam seus críticos”.
Confira abaixo o texto enviado:
Ao Presidente-Executivo do Grupo ND
Assunto: Pela reparação da verdade.
Senhor Presidente-Executivo,
1. Como é comum a instituições que prezam o diálogo, o respeito e a convivência harmônica, encaminhamos algumas considerações quanto a recente editorial do Grupo ND, no sentido de situar nosso posicionamento diante do que julgamos campanha deliberada de propagação de mentiras sobre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A começar pelo título, que desde logo substituiremos.
O mau exemplo do péssimo jornalismo
2. Valer-se de mentiras e notícias falsas tem se tornado uma prática recorrente que, infelizmente para a sociedade, acabou sendo adotada, para além das redes sociais, também por meios de comunicação. Alguns, inclusive, resultantes de concessão pública, como é o caso de emissoras de televisão.
3. Quando afirmam que “serão dois anos de inércia e paralisação, demonstrando que a universidade, que já foi orgulho dos catarinenses, se mantém indiferente ao apelo da sociedade”, revelam a ignorância e o desconhecimento quanto ao papel de absoluta relevância das atividades de ensino, pesquisa e extensão mantidas pela Instituição e por seus técnicos, docentes e estudantes, no combate à pandemia da COVID-19.
4. Ao dizer, de forma leviana, que “a maioria das instituições de ensino superior já retomaram as atividades de forma híbrida ou presencial, inclusive algumas públicas”, novamente conduz à mediocridade do senso comum, ignorando que a maioria das instituições de ensino superior públicas ainda não retomaram as atividades presenciais, como também prefere desprezar os impactos de uma pandemia, e mencionar medidas açodadas e temerárias, como se a tragédia de mais de 570 mil mortos tivesse acabado.
5. Referir-se ao reitor como “encastelado em sua bolha” denota o profundo desrespeito que um grupo de comunicação cultiva pelo representante eleito por toda uma comunidade e que tem, sobre si, a responsabilidade de cuidar de vidas, de promover ciência e conhecimento, de gerir uma instituição atuante em todas as regiões do estado e que foi responsável pelo desenvolvimento de diferentes setores de Santa Catarina e do país.
6. Creditar decisões tomadas com cautela como “postura irresponsável da UFSC, que manteve seu quadro de professores e servidores em casa, ganhando sem trabalhar por tanto tempo” é de um altíssimo grau de irresponsabilidade e descompromisso com a verdade. É fazer tábula rasa de um trabalho executado remotamente, apresentando tipos penais, como calúnia, difamação e injúria. É ofender e agredir profissionais da mais alta qualificação e envolvimento com algo que, certamente, alguns preferem desprezar: o saber, o conhecimento, a consciência crítica.
7. Mais do texto: “Talvez a reitoria da UFSC não tenha noção do prejuízo causado para os mais de 40 mil alunos que tiveram a sua formação interrompida e não conseguiram chegar à formatura”. Mais uma vez trabalha o editorial com mentira e desconhecimento dos números da UFSC. Primeiro, a UFSC forma anualmente milhares de alunos, e todas as turmas concluintes de 2020 já se formaram ou estão se formando. Não há prejuízo algum. Segundo, temos a noção exata do prejuízo que a inação das autoridades, principalmente na esfera federal, trouxe à população. A negação da ciência, a desqualificação da pesquisa e a negligência com um programa de aquisição de vacinas tiraram a vida de pessoas. Esse é o prejuízo que parecem fazer questão de ignorar. E vidas, senhor Marcelo, não se recuperam.
8. Por fim, destacamos que a UFSC é muito maior do que desejam seus críticos. A Universidade Pública brasileira cristalizou-se para além de pretensões tão pequenas como essas que os senhores parecem supor existir. É uma instituição plural, diversa, inclusiva, dinâmica, responsável e séria, atributos cada vez mais raros, mesmo em setores que têm na Verdade – ou deveriam ter – seu maior objetivo.
Fonte: Notícias UFSC