Opor estudo e trabalho, como Milton Ribeiro fez, é ultrapassado, diz à Folha Ana Inoue, do Itaú Educação e Trabalho
A declaração do ministro Milton Ribeiro (Educação) de que as universidades deveriam ser para poucos é lamentável, limitada e reforça estereótipos ultrapassados sobre a educação profissionalizante, diz Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho.
A entidade presta apoio à implementação de políticas de ensino profissional e tecnológico. A modalidade, por muito tempo, teve no país o estigma de ser voltada aos mais pobres.
Agora, ganha uma oportunidade de avançar com o novo ensino médio, que começa a ser implantado no ano que vem. Se bem implementado, ele possibilitará aos jovens seguir itinerários escolares de acordo com os seus interesses, o que inclui a educação profissional.
Em entrevista na noite de segunda-feira (9), Ribeiro colocou a modalidade como uma opção oposta ao ensino superior —ignorando, entre outros fatores, que cursos técnicos podem ser tanto de nível médio como superior.
“Com todo o respeito que tenho aos motoristas, é uma profissão muito digna, mas tem muito engenheiro, muito advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Mas se ele fosse um técnico em informática estaria empregado, porque há uma demanda muito grande”, disse o ministro.
A frase, para Ana, reflete uma mentalidade atrasada e vai contra todo o movimento de busca por equidade na educação brasileira. “Ao dizer que a universidade não é para todos, nunca são os brancos e ricos que se sentem ameaçados e excluídos.”
Para ela, o Ministério da Educação de Jair Bolsonaro vai no caminho contrário ao das mudanças no mundo do trabalho a esse ao se omitir de apoiar os estados na implementação do novo ensino médio.
Confira a entrevista na íntegra: Folha de S. Paulo.