Por Raul Valentim da Silva
A América Latina possui muitas potencialidades, mas não tem sabido aproveitá-las devidamente. Detém a maior floresta tropical do mundo, recursos minerais e ambientes climáticos que podem gerar muitos benefícios. As duas línguas predominantes facilitam a comunicação e as vinculações ibéricas e migratórias proporcionam um ambiente cultural capaz de gerar processos de cooperação bastante proveitosos.
Muitas das nações que compõem América Latina têm costas litorâneas nos oceanos Atlântico e Pacífico que também adicionam riquezas e oportunidades que podem ser muito bem aproveitadas. A diversidade de formação dos povos com envolvimentos de nativos, europeus e africanos também pode ser devidamente trabalhada como ponto forte da região.
Infelizmente, não se concretizaram até agora processos efetivos de cooperação entre seus países que fossem capazes de gerar desenvolvimentos socioeconômicos sustentáveis com eficácia suficiente para criar ambientes de um almejado bem-estar para as suas populações. Nas universidades do continente podem estar depositadas condições de contribuir significativamente para superar os entraves constatados e para construir um melhor futuro regional.
Por suas dimensões, localização, patrimônio natural e população o Brasil coloca-se como um importante ator neste cenário. As universidades brasileiras também despontam com qualificações apropriadas para respaldar um protagonismo intelectual que pode ser bastante benéfico para toda a América Latina.
Graças especialmente a um bem sucedido esforço de implantação e desenvolvimento de sua pós-graduação, indicadores confiáveis de qualidade mostram que o sistema universitário brasileiro tem condições de oferecer uma contribuição significativa para um eficaz processo de interação latino-americana.
A recente divulgação do Latin America University Ranking 21 do Times Higher Education (THE) mostra uma destacada qualificação universitária regional do Brasil. Dentre as dez primeiras classificadas, sete são brasileiras. Nas dez seguintes, seis são brasileiras, incluindo a UFSC em 11º lugar. O Ranking situa, respectivamente, cinco, seis e cinco universidades brasileiras classificadas nas três dezenas seguintes.
Assim, nas 50 primeiras classificadas no citado Ranking, 29 são universidades brasileiras. A Colômbia tem 6, o Chile coloca 5, México e Argentina entram com 3. Jamaica, Costa Rica, Peru e Equador completam a lista com uma universidade cada um. Tais números mostram o sucesso continental do sistema universitário brasileiro.
O sucesso qualitativo e quantitativo das universidades brasileiras certamente foi alcançado com uma elevada contribuição da população nacional que é merecedora de uma excelente contrapartida. O Brasil está no mesmo barco de toda a América Latina. Só se viabilizará esta esperada contrapartida de melhoria de qualidade de vida se as competências universitárias forem bem aproveitadas de uma forma integrada com os irmãos latino-americanos. A criação da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA), situada em Foz do Iguaçu, é certamente uma iniciativa bastante relevante neste contexto.
* Professor aposentado do Centro Tecnológico da UFSC