Em seu discurso de posse como presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), proferido nessa sexta-feira, 23 de julho, durante a Sessão de Encerramento da 73ª Reunião Anual, o filósofo e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, manifesta repúdio a cerceamento de liberdades, defende a democracia como melhor regime existente e a ciência como protagonista do desenvolvimento do País, informa o Jornal da Ciência
Começo este pronunciamento lamentando a morte de mais de 547 mil pessoas no Brasil. É possível que no começo da próxima semana já tenhamos chegado a 550 mil vidas perdidas, e isto é assustador. É assustador saber que a cada minuto morre uma pessoa no Brasil por covid-19, e uma boa parte dessas mortes se deve à falta de cuidados, à falta de seguir as recomendações, à falta de liderança por parte do governo no sentido de instigar, incentivar, ajudar as pessoas a usarem máscaras, a higienizarem as mãos, a manterem o distanciamento físico, além das demoras e problemas na aquisição de vacinas, de que estamos tomando conhecimento cada vez mais.
Primeiro, creio que tenhamos que saudar e ter um pensamento para todos esses mais de 547 mil mortos e para suas famílias. Não há pessoa no Brasil, creio eu, que não tenha um conhecido que tenha morrido de covid. Não há pessoa que não tenha um dia apertado a mão de alguém que morreu em decorrência da doença causada pelo coronavírus. Isso mostra a dimensão desse verdadeiro massacre que está acontecendo no País, em boa parte por falta de responsabilidade dos que deveriam ter prestado atenção a isso. Porque não podemos esquecer que a taxa de mortalidade no Brasil é cinco vezes maior que a média do mundo. Ou seja, se o País tivesse se pautado, não digo por padrões severos de autocontrole, como a Nova Zelândia ou a China, mas simplesmente por medidas adotadas na média do mundo, nós teríamos 400 mil pessoas a menos nos cemitérios. Isto é muito grave.
Alguns estados brasileiros diminuíram de população esse ano que passou, porque morreram mais pessoas que nasceram. E a diferença se deve à pandemia de covid-19.