A opinião é de Rozana Barroso, Presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), para a Carta Capital
“O Brasil está há mais de um ano com as escolas fechadas porque o seu presidente decidiu priorizar a propina à vacina. Perdemos mais de meio milhão de vidas! Para os estudantes, a situação também é muito precária, com escolas sem estrutura e muitos sem condições para acompanhar aulas no ensino remoto por falta de internet.
Esse é o cenário atual da educação brasileira na pandemia sob o governo Bolsonaro. Nesta última terça-feira, 20 de julho, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez um pronunciamento em rede nacional pressionando o retorno às aulas presenciais em todo o País.
Somos os mais interessados no retorno: a escola tem um papel fundamental em nossas vidas. Mas esse ele precisa ocorrer com segurança. Precisamos recuperar o aprendizado, a integração, e a proteção social dos estudantes brasileiros. O MEC, porém, foi omisso no processo de retomada de aulas e também durante toda a pandemia, agindo apenas como um órgão de aparelhamento ideológico do governo Bolsonaro.
O que comprova nossa afirmação são os projetos de urgência do MEC, como, por exemplo, o homeschooling. Ele nada resolve da situação crítica dos estudantes na pandemia. Apenas cria possibilidades de sucateamento da escola pública e serve ao projeto conservador. A negligência do MEC e do governo não param por aí, visto os entraves ao PL da Conectividade, que tem como objetivo oferecer internet gratuita para 18 milhões de estudantes de escolas públicas.
No momento, o governo está tentando barrar o projeto em um processo no Supremo Tribunal Federal. E o MEC nada faz. Nós, estudantes, seguimos na luta para que ele seja realidade, sabendo que já estamos há mais de um ano sem respostas aos problemas urgentes da educação.
Ora, Sr. Milton Ribeiro, estudante não é bobo! Sabemos que não houve empenho do MEC e do governo Bolsonaro pela educação na pandemia. Inclusive, em 2020, o seu Ministério devolveu o orçamento destinado às adaptações do ensino remoto e para o retorno de aulas seguindo protocolos sanitários. Na maior crise sanitária do Brasil, ficamos órfãos de ações efetivas!
O MEC sequer abriu diálogo com entidades educacionais e conosco, estudantes. Nós mostramos mais responsabilidade com a Educação do que o governo ao desenvolver uma nota técnica baseada em um estudo feito em parceria com o Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ). Nela, apresentamos estratégias para o acesso à educação e protocolos para o retorno seguro das aulas.
Esse material essencial foi entregue para cerca de 20 secretários de educação de todo o país. E o MEC? Nunca aceitou sequer recebê-lo.
Nós respondemos às urgências da pandemia com ações solidárias, para não deixar nenhum estudante para trás: o Estudo pra Geral, que arrecadou tablets e apostilas para cursinhos populares, e o Internet pra Geral, para inclusão digital.
Além disso, nesta semana lançamos a campanha Menos um Sufoco, na qual conseguimos pagar a taxa de inscrição de mais de 600 estudantes para a realização do Enem 2021. Exame este que teve o menor número de inscritos desde 2007. Por que será, Sr. Milton Ribeiro?
É visível que o projeto de educação no Brasil está abandonado pelo governo. Quanto à nós, estudantes, somos a resistência e estamos em uma verdadeira operação de resgate para trazer esperança aos estudantes. Esperança de um futuro, de ter acesso ao conhecimento e de estar em uma Universidade.
Por tudo isso, estaremos neste sábado, dia 24, nas ruas de todo o Brasil para defender a Educação, pelo fim do Governo genocida e também comemorando, à moda dos estudantes – na rua, com luta – os 74 anos de história da UBES.
Nessa nossa longa trajetória, a educação, a democracia e a defesa da vida são nosso norte!
O ministro da Educação fez pressão em rede nacional pelo o retorno às aulas presenciais. Somos os mais interessados, mas isso precisa ocorrer com segurança”