Em mesa-redonda promovida pela SBPC em parceria com o DWIH, especialistas brasileiros e alemães discutem o cerceamento da liberdade de pesquisa que vem atingindo vários países, aponta o Jornal da Ciência
Cada vez mais, cientistas estão sendo cerceados em seu trabalho – e não é só no Brasil. O Índice de Liberdade Acadêmica (AFi) de 2020, calculado pela Universidade Friedrich-Alexander, de Nuremberg, Alemanha, apontou que quase 80% da população mundial vive em países onde a liberdade acadêmica está sujeita a restrições. O AFi cobre 175 países e territórios em todo o mundo.
Essa situação impacta na cooperação internacional e coloca os responsáveis por programas de intercâmbio diante de novas questões, alertou Marcio Weichert, do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH, na sigla em alemão), ao abrir ontem a mesa-redonda “Ciência, Liberdade e Democracia”. Parte integrante da programação da 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a mesa redonda foi promovida em parceria com o DWIH e reuniu especialistas brasileiros e alemães.
A socióloga Maria Filomena Gregori, professora da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade, da SBPC, disse que perseguições, desqualificações e obscurantismos em relação à ciência levam, por um lado, à necessidade de intensificar as denúncias de casos para que sejam evidenciados e não passem impunes. “Por outro lado, trazem a oportunidade de pensar a liberdade acadêmica e a autonomia para a produção científica do conhecimento, porque são defendidas pela Constituição. Não se trata apenas de seguir preceitos constitucionais de modo irrefletido, mas antes, um esforço articulado de deixar evidente os impactos para toda a sociedade e as novas gerações como ataques à liberdade”, declarou Gregori.