Doença é caracterizada por dor crônica generalizada pelo corpo
Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Autoimunidade e Imunofarmacologia, do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – campus Araranguá (LAIF/UFSC) foi escolhida para estampar a capa da revista internacional Neural Regeneration Research (NRR). O artigo, intitulado “Efeito da ativação dos receptores dopaminérgicos no modelo experimental de fibromialgia”, é de autoria de Carlos Pereira Martins, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Neurociências (PPG NEURO/UFSC), cuja dissertação de mestrado foi defendida em dezembro de 2020 sob orientação do professor Rafael Cypriano Dutra.
“Nesse projeto, demonstramos que um medicamento amplamente utilizado para tratar a doença de Parkinson, conhecido como pramipexol – e que ativa os receptores do neurotransmissor dopamina – foi capaz de inibir o desenvolvimento e a progressão da fibromialgia em animais de laboratório”, comenta Dutra. Em conclusão, os resultados dessa pesquisa representam considerável avanço nas perspectivas de novos tratamentos para a fibromialgia, bem como outros tipos de dores crônicas com medicamentos comumente utilizados em outras doenças, que já possuem estudos clínicos de segurança e eficácia. Esse “reposicionamento” dos medicamentos pode encurtar as distâncias na aplicação clínica desses fármacos em doenças de difícil tratamento.
A pesquisa foi financiada pelo PPG NEURO/UFSC, FAPESC, INCT-INOVAMED, CNPq e CAPES. O artigo completo, cujo título em inglês é “Pramipexolfe, a dopamine D3/D2 receptor-preferring agonist, attenuates reserpine-induced fibromyalgia-like model in mice” pode ser acessado aqui.
Sobre a fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome musculoesquelética caracterizada por dor crônica generalizada e, frequentemente, associada a distúrbios do sono, fadiga, ansiedade e/ou depressão, sensibilidade à palpação, rigidez articular, distúrbios cognitivos, dormência e síndrome do intestino e bexiga irritável.
Estudos recentes indicam que a fibromialgia acomete de 2 a 22% da população de todo o mundo, predominantemente mulheres. No Brasil a prevalência da doença varia entre 2,5 a 4,4% da população, sendo a segunda maior causa de doença reumatológica depois da osteoartrose. A fibromialgia possui sintomas difusos e os principais medicamentos disponíveis no mercado apresentam eficácia clínica discreta.