Em depoimentos captados pelo Jornal da Ciência, pesquisadores em níveis, áreas e regiões diferentes revelaram insegurança sobre o futuro e desejo de deixar o País. Para o presidente da SBPC, estimular e manter esses jovens no Brasil é um dos maiores desafios da comunidade científica nacional, aponta o Jornal da Ciência
Lays Ramos Cezar tem 15 anos e pretende estudar medicina. Ela cursa o ensino médio no bairro de São Miguel Paulista, zona leste da capital de São Paulo. Desde o ano passado, está em um programa de Iniciação Científica (IC) do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É o que permite a ela dedicar-se à IC sobre modelagem 3D da barreira hematoencefálica para estudos da doença de Alzheimer.
Embora acompanhe de longe o cenário de cortes orçamentários e de bolsas de estudos na área da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), a estudante está ciente do que isso representa para seu futuro. “Como o curso de medicina é muito caro, eu tentaria uma bolsa de estudos para uma universidade federal, mas também em universidades particulares. Eu penso às vezes também em talvez conseguir uma bolsa no exterior”, afirmou.
Ramos Cezar é a mais jovem de oito pesquisadores entrevistados pelo Jornal da Ciência sobre como veem a situação atual da CT&I brasileira e como encaram seu futuro em um cenário de corte nos investimentos na pesquisa científica pelo governo.
Os depoimentos fazem parte da celebração do Dia Nacional da Ciência e Dia Nacional do Pesquisador que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) preparou para este 8 de julho. A intenção foi ouvir o que jovens estudantes e investigadores de várias partes do Brasil e de todas as grandes áreas da ciência (humanas, exatas, biológicas, da terra) têm a dizer. E o resultado das entrevistas não é muito auspicioso.