Médico e cientista Marco Antonio Zago defende, em entrevista para a Folha, que governantes invistam no conhecimento científico para a recuperação da economia
O médico e cientista Marco Antonio Zago, atual presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), tem larga experiência com atuação na construção de políticas científicas para o país há mais de uma década.
Na chefia da instituição que é hoje uma das principais financiadoras de ciência do país, Zago critica os cortes de recursos de ciência e a educação e defende que governantes passem a olhar para o conhecimento científico como fonte de riqueza. Para ele, ciência e tecnologia podem dar um futuro para o país em meio a um período de incertezas.
Em entrevista por vídeoconferência à Folha, Zago falou sobre sua visão para a ciência brasileira e sobre a atuação mais recente da Fapesp, instituição que completa 60 anos em 2021.
Temos uma fuga de cérebros hoje, com jovens capacitados escolhendo ir embora do país. O que pode ser feito para reverter essa situação? A perda desses jovens traz prejuízo enorme para o país. Eles não fazem isso por egoísmo, mas o panorama está ruim. A economia ainda está muito embaçada; não há evidência clara de que iremos recuperá-la. A vida nas universidades também está se tornando muito difícil, principalmente fora do estado de São Paulo. Existe desânimo e falta de recursos, e não tem perspectiva de melhora. Os jovens podem pensar que ficando aqui estariam afundando suas vidas.
Essa perda se dá ao longo do tempo. Vamos perdendo qualidade, perdendo profissionais, e logo não teremos mais gente pensante nas universidades e nas empresas tecnológicas.
Como mudamos? Precisamos transformar a perspectiva da economia do país. As principais perdas de recursos dentro do governo federal atingiram ciência, tecnologia e educação. Ora, sem ciência e tecnologia não há futuro para o país. Os governantes devem adotar novas políticas de apoio para garantir o futuro. Não adianta ficar o tempo todo preocupado com as manobras econômicas, primeiro precisamos criar o dinheiro, e o que cria o dinheiro é a ciência e a tecnologia, é a competição nessa área.
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