Enquanto milhões de estudantes tentam ter acesso à educação em meio à pandemia, o ‘terrivelmente evangélico’ do MEC explora questões como alterações em editais de livros didáticos e o ‘fim da corrupção’ na pasta, destaca o jornal O Globo
Toda a expectativa dos secretários municipais e estaduais de Educação do país estava depositada em três grandes telas dispostas no auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep. Naquele dia 15 de setembro de 2020, o órgão do Ministério da Educação divulgaria os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), um indicador que avalia a qualidade do ensino e estabelece metas para melhoria da educação.
Pouco antes do horário previsto para o anúncio oficial, o auditório ainda estava vazio. Os secretários de Educação e a equipe do Inep estavam em uma outra sala do prédio, onde um pastor da Igreja Presbiteriana conduzia uma oração. O religioso agradeceu à presença de todos e ao alimento disponível para aquele café com gestores públicos. Depois, seguiu para o auditório onde seriam anunciados os dados e sentou-se ao centro da mesa, à frente da placa com seu nome e seu cargo: Milton Ribeiro, ministro da Educação.
— Até hoje é uma figura fora de lugar. Você não sabe se é ministro ou pastor. Naquele dia, fiquei um pouco incrédulo, porque estava diante de um ministro de Estado da Educação que fazia uma oração com a diretoria do Inep, secretários estaduais e municipais. Parecia muito um ambiente eclesiástico. A gente estava na antessala de um auditório para saber o resultado do Ideb, não em uma igreja. Isso mostra onde ele está colocando sua atenção, qual sua perspectiva — afirmou ao GLOBO um dos presentes.