Portaria, prevista para os próximos dias, busca barrar “questões subjetivas” e que atentem “valores morais”; nota técnica diz que já há sete revisões, destaca Folha
Após o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, desistir de olhar pessoalmente as questões do Enem, o MEC (Ministério da Educação) prepara a criação de uma comissão permanente para revisão ideológica da prova. A iniciativa é refutada pela área técnica.
A Folha teve acesso à minuta de uma portaria do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) que estabelece a espécie de um tribunal ideológico, com a criação de uma nova instância de análise dos itens das avaliações da educação básica. O documento fala em não permitir “questões subjetivas” e atenção a “valores morais”.
O governo Jair Bolsonaro tem aversão a questões que abordem, por exemplo, qualquer discussão de gênero. Em 2019, o Inep criou uma comissão que censurou questões — elogiada por Bolsonaro, a ditadura militar (1964-1985), por exemplo, não foi mais abordada no exame.