Com um PIB previsto de 4,36% em 2021, puxado pelo agronegócio no país da fome, o governo e sua base política afirmam que a economia e o país vão bem. Bem para quem? Devemos nos perguntar.
O país tem atualmente quase 15 milhões de desempregados, 60 milhões de endividados, mais de 125 milhões em algum estado de insegurança alimentar e 5,44% de uma inflação projetada, para corroer nossos desajustados salários. Índices que não deixam dúvidas que o andar de baixo (milhões de brasileiros) vai mal, vendo a riqueza sendo cada vez mais concentrada mão dos poucos ricos e dos bancos, enquanto o povo clama por auxílio emergencial de 600 reais que nem isso obtém.
As instituições, todas, estão sendo esfolheadas pelo governo de Jair Bolsonaro e seu projeto autoritário de poder. A última foi o Exército brasileiro, que se associa ao servilismo da PGR e das PMs. Num país que se desindustrializa, a ciência segue sendo atacada, deslegitimada e sucateada, a ponto de as universidades federais (onde se desenvolvem 90% das pesquisas) não terem verbas para funcionar até o final do ano. Para piorar, propõem a reforma administrativa (PEC 32), que representa a essência do projeto ultraliberal de nossa elite egoísta e dos seus representantes de ocasião, Guedes e Bolsonaro. O objetivo é privatizar e extinguir grande parte do serviço público, acabar com estabilidade do servidor público permitindo o empreguismo e obediência ao chefe de plantão. E, é claro continuar cobrando impostos da população deixando-os a disposição dos ricos, banqueiros e iniciativa privada. Ninguém sairá ileso, nem os novos e nem os atuais servidores públicos – apenas a elite, formada pelos parlamentares, diplomatas, juízes, militares, promotores de Justiça e procuradores.
Em meio a tudo isso, a pandemia, com suas quase 500 mil mortes – a maioria delas evitáveis – e com 17 milhões de contaminados. São números estarrecedores, fruto de uma política governada pelo negacionismo, expressa no desinteresse inicial pela compra de vacinas, pela defesa sobre a eficácia do tratamento precoce e por promessas de curas milagrosas feitas por charlatões em templos. A população desorientada segue agindo como se fosse imune ao vírus e, não tendo escolha, arrisca a própria vida diariamente para trazer um “troco” para casa. O resultado são famílias destruídas pelas mortes e pelo ódio social.
Diante das omissões ou ações nefastas na pandemia – mas não só nesse tema – apurar os eventuais crimes de responsabilidade dos agentes públicos, em especial do Presidente da República, é um dever das instituições, a exemplo do STF e do Congresso Nacional. Portanto a CPI é um adequado instrumento e vai defendida.
Como sindicato, não podemos ficar omissos diante do desmonte das Universidades e da Ciência, somos, portanto, impelidos a ir às ruas e lutar. Mesmo com a pluralidade de vozes e de slogans, devemos nos juntar às mobilizações das entidades sindicais, forças sociais e políticas. Iremos defender a democracia, as instituições republicanas e o estado democrático de direito. Convocaremos um Conselho de Representantes para discutir esse quadro político e encaminhar as lutas, mas desde já conclamamos a todos/as que compreendem que não podemos ficar parados diante de tantos descalabro e barbaridades para que, altiva e democraticamente, defendam o serviço e as instituições públicas, lutando contra a fome, o direito ao trabalho e a vida (vacinação já e rápida).
Diretoria da Apufsc-Sindical