Maior órgão de fomento à pesquisa no Brasil opera com apenas R$ 1,2 bi; já Capes diz que manterá 90 mil bolsas de pós-graduação no país, apesar dos cortes na Educação
O orçamento destinado ao Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão de fomento à pesquisa no Brasil, é em 2021 o menor do século XXI. A redução histórica acontece em meio ao segundo ano de pandemia da Covid-19, com o desenvolvimento de pesquisas para monitoramento e produção de vacinas contra a doença.
Criado em 1951 e vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o CNPq atua no fomento à pesquisa em ciência, tecnologia e inovação e na formação de pesquisadores nas diversas áreas de conhecimento. O órgão publica editais para repasse de verba a projetos científicos do Brasil, além de organizar a distribuição de bolsas de pesquisa para pós-graduandos.
Para este ano, o CNPq tem R$ 1,21 bilhão de orçamento. Esse valor é quase metade do disponível em 2000, quando foram destinados R$ 2,35 bilhões, segundo levantamento do GLOBO no Sistema Integrado de Operações (Siop), do Governo Federal. Porém, a quantidade de alunos na pós-graduação duplicou no mesmo período: passou de 162 mil para 320 mil. Em 2013, ano com maior investimento do século, o valor chegou a R$ 3,13 bilhões.
Entre 2011 e 2020, a quantidade de bolsas ofertadas pelo CNPq caiu em quase 50%, de 2.445 para 1.221. No mestrado, a redução foi de 32%, saindo de 17.328 para 11.824; no doutorado, de 20%, quando passou de 13.386 para 10.738.
Sem as bolsas, os talentos da ciência brasileira acabam saindo do país ou, no pior dos cenários, deixando as carreiras acadêmicas. Juliana Nogueira, por exemplo, preferia ter continuado no Brasil, mas acabou saindo da Uerj para a Universidade de Ciências da Vida de Praga, na República Tcheca.
Capes diz que manterá 90 mil bolsas de pós-graduação no país
Apesar dos cortes, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou que vai manter integralmente as mais de 90 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado que estão em vigor atualmente. Segundo o órgão, mesmo com os cortes orçamentário no Ministério da Educação, não houve interrupção no pagamento do auxílio e não serão cortadas bolsas em 2021.
A medida vai permitir a continuidade de diversos programas, entre eles, o Programa de Combate a Epidemias, que apoia projetos de pesquisas sobre a covid-19 e outras doenças. De acordo com a Capes, foram concedidas 1,9 mil bolsas para o programa, totalizando R$ 53,7 milhões.
Em função da pandemia, a Capes prorrogou 36,5 mil bolsas de mestrado e de doutorado no país de forma excepcional.
Leia na íntegra: O Globo e Agência Brasil