Em encontro com ministro da Economia, eles defenderam reforma administrativa que englobe fim de direitos até para quem já é funcionário público, além de aumento de taxações
Em almoço realizado nesta terça-feira (25), em São Paulo, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, empresários de diferentes setores defenderam um desmonte ainda maior do serviço público do que o proposto pela PEC 32. O grupo de lideranças empresariais “Unidos pelo Brasil”, que reuniu, na Tratoria Fasano, nomes como o presidente do conselho do Grupo Guararapes/Riachuelo, Flávio Rocha, o presidente da MRV Engenharia, Rubens Menin, e o presidente do grupo JHSF, Thiago Alonso, querem uma reforma administrativa “mais parruda”.
A proposta do governo aprovada nesta terça-feira (25) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, já fere direitos e abre caminho para perseguições a servidores. Entre suas principais medidas, a PEC 32 propõe o fim da estabilidade para quase todas as carreiras. O projeto também estabelece o fim de uma série de benefícios, como licença-prêmio e progressão de carreira baseada em tempo de serviço. Na prática, as medidas representam o sucateamento de serviços fundamentais para a sociedade e atacam profissionais de saúde, educação e ciência que, em sua maioria, ganham 3 mil reais por mês.
Mas, para os empresários, isso não é o suficiente. Eles defendem que as medidas da reforma atinjam também os atuais servidores.
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“Acreditamos que a reforma tem que valer para quem já está no serviço público”, diz Flávio Rocha, ressaltando que o interesse dos empresários é que a reforma administrativa seja significativa o suficiente para, segundo ele, liberar recursos para a infraestrutura e outras iniciativas que possam fazer girar a economia.
“O ministro Guedes já deixou claro que essa ideia de que não se faz reforma em ano eleitoral ficou para trás”, afirma. “O que vai dar voto é ficar ao lado da maioria silenciosa que puxa a carruagem. Acreditamos que 90% da população brasileira vai apoiar o governo nessa busca por austeridade nos gastos com o funcionalismo público”.
O empresário que defende o desmonte de setores como saúde e educação também é um entusiasta da “nova CPMF”, o tributo sobre movimentações financeiras, que já foi rechaçada veementemente por Bolsonaro por ser impopular. Rocha defende que esta é a única maneira de taxar os informais, especialmente do varejo, incluindo o comércio eletrônico.
“A CPMF virou um palavrão no governo, é preciso vencer a guerra do slogan”, diz ele, que agora chama o imposto de “nova base digital”, uma “evolução da CPMF”.
Para Rocha, a adoção de um microimposto da ordem de 0,1% sobre todas as operações de crédito seria uma solução muito mais eficaz do que a instituição do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), proposta pelo governo.
“O que se conseguiria com este imposto hoje, sobre as movimentações digitais, é 30 vezes o que se conseguiria com a antiga CPMF”, afirma o empresário, que reconhece, no entanto, a dificuldade de o tema evoluir em ano pré-eleitoral, a despeito do que disse Guedes.
Com informações da Folha de S. Paulo.
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