Redução afeta contas básicas, como água e luz, materiais para pesquisa e bolsas que ameaçam até a permanência de estudantes pobres, apurou O Globo
Assim como as universidades, os institutos de educação federal também correm o risco de parar de funcionar no segundo semestre por falta de orçamento. A rede sofreu um corte para gastos discricionários (básicos e essenciais, como luz, água, segurança e limpeza) de 20% em relação a 2020.
Atualmente, são 618 campi espalhados pelo país, e inclui institutos federais (que possuem educação básica e superior), Cefets, escolas técnicas de ensino profissionalizante e os colégios Pedro II, no Rio. O orçamento para 2021 é de R$ 1,9 bi.
“Corremos risco a partir de agosto e setembro. Sem contar o retorno presencial, mesmo híbrido, o que exigiria mais recursos em função de necessidades de ordem sanitária com um trabalho maior de limpeza”, afirma Sônia Fernandes, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e reitora do Instituto Federal Catarinense (IFC).
Segundo o Conif, a volta às aulas presencial vai representar um aumento de 30% a 40% nos contratos de limpeza e de 10% a 15% nos contratos de controle de portaria, considerando medição de temperatura e orientação dos estudantes. A previsão é que o investimento para adequações custe até R$ 130 milhões.
“A volta às aulas sem adequação orçamentária deve representar a demissão de 2 mil terceirizados por toda a Rede Federal”, afirma relatório do Conif, obtido com exclusividade pelo O GLOBO.
As escolas, por isso, já trabalham com a previsão de ensino remoto até o fim do ano. Alberto Akio Shiga, diretor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), afirma que a preocupação é chegar ao fim do ano mesmo com o ensino à distância. Esse é o maior colégio da rede no país, com 60 mil estudantes, da educação básica à superior.
“Se este cenário de cortes prosseguir, e os preços aumentarem, com certeza teremos que interromper serviços antes do fim do ano”, afirma. A escola, por exemplo, já comprometeu manutenções básicas como hidráulicas e troca de vidros.
Em 2015, o orçamento para os gastos discricionários era o dobro de 2021. Desde então, ele só vem caindo. Com isso, além das contas básicas, também ficam prejudicadas as compras de materiais para pesquisa, manutenção dos prédios e o pagamento de bolsas que garantem a permanência dos estudantes pobres.
O orçamento de assistência estudantil, que chegou a ser de R$ 1 bi em 2014, caiu para R$ 460 milhões neste ano. Enquanto isso, o número de estudantes mais do que dobrou: passou de 373 mil para 819 mil.
Leia na íntegra: O Globo