Ildeu Moreira participou da IstoÉLive na última sexta-feira (7); Flávia Calé, presidente da ANPG, disse que cortes do governo coloca universidades, CNPq e Capes em dificuldades
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, participou da live da ISTOÉ, nesta sexta-feira (7). Graduado em física em 1973 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele fez uma análise sobre a situação econômica da ciência e tecnologia no País, além de detalhar a atuação da SBPC na defesa do orçamento no Congresso Nacional.
“A situação econômica da ciência é catastrófica. Estamos andando para trás”, diz.
Para o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a crise sanitária está sendo conduzida no Brasil de forma errônea, ele destaca a necessidade do governo seguir o que diz a ciência neste momento de colapso do sistema de saúde.
“Esperávamos ter um governo mais coerente, que levasse em conta as preocupações da ciência e da saúde”, lamenta.
“Temos vivido um momento difícil. Por isso, é fundamental que instituições e organizações de diversas áreas somem forças e se unam”, alertou Moreira.
Ildeu disse que os brasileiros são muito otimistas em relação à Ciência e que acham que as pesquisas são fundamentais para a melhoraria de vida das pessoas.
“Se tivéssemos adotados a ciência, com mais segurança e competência, certamente, essa tragédia seria muito menor”, pontua.
O presidente da SBPC avaliou que o poder Legislativo brasileiro, com os sucessivos cortes no orçamento das verbas para pesquisa, tem trabalhado de forma insensível em relação à ciência e tecnologia.
“A restrição de recursos está levando o Brasil a perder vários jovens cientistas. Cortar recursos para ciência é burrice. O País tem que pensar 20 anos na frente, que é o caminho de qualquer nação desenvolvida”, explica.
“É um terraplanismo econômico, só se pensa em cortar custos. Enquanto a Europa e os EUA estão investindo pesado, a partir de agora, no Brasil estão cortando em 30% os investimentos. O mundo está fazendo um movimento para sair da crise no pós-pandemia [apostando em pesquisas] e o Brasil está no contrapé de andar para trás. Queremos andar pra frente. Só com investimento em ciência que vamos sair do buraco. Recursos para ciência e tecnologia não são gastos, mas investimentos” conclui.
Assista a íntegra: IstoÉLive
“Não vamos permitir que 2021 seja o ano do apagão da Ciência”
Em entrevista ao recém lançado Informativo nº 19 da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a presidente da entidade, Flávia Calé, lembra que em meio à pandemia, o governo propôs e aprovou um Orçamento que corta R$ 36 bilhões da Saúde em relação ao ano anterior e que coloca universidades, CNPq e Capes em dificuldades
O Brasil já chegou a mais de 370 mil mortos por Covid e setores do governo federal insistem no negacionismo. Como você isso? Os exemplos do mundo, que podem ser de países ricos e pequenos, como a Nova Zelândia, ou grandes e em desenvolvimento, como o Vietnã, são claros: isolamento, busca ativa, testagem e, de acordo com a realidade, lockdown temporário e rigoroso, para controlar o vírus e salvar vidas. Medidas defensivas e vacinação em massa. Assim também se salva a economia, porque quem está doente ou morto não vai trabalhar nem consumir.
O Brasil é considerado o pior país no combate ao coronavírus, porque o presidente Bolsonaro negou a ciência, a vacinação e sabotou as medidas sanitárias. Milhares e milhares de famílias poderiam estar reunidas e estão chorando seus mortos por causa da omissão criminosa. Por isso, dizemos que é, sim, genocídio. O mais duro é que são vítimas do negacionismo, da sabotagem do governo federal a tudo o que a ciência prescreveu. Se tivéssemos valorizado a experiência do SUS e de nossos institutos de pesquisa, que são instituições de Estado, nossa dor seria menor.