Diante dos alertas de que setores da máquina pública poderão parar por falta de recursos, presidente afirma que vai recompor despesas bloqueadas. Analistas, porém, avisam que, para fazer isso, ele terá que suprimir gastos em outras áreas, aponta Correio Braziliense
Diante do risco de paralisação de diversos serviços públicos por conta de cortes de verbas, o presidente Jair Bolsonaro indicou ontem que pode rever os contingenciamentos realizados no Orçamento de 2021. Especialistas em contas públicas dizem, no entanto, que o governo precisará cortar gastos em outras áreas, se quiser recompor as despesas que estão bloqueadas.
O Orçamento de 2021 foi sancionado na semana passada com uma série de cortes para que o governo conseguisse manter a maior parte das emendas parlamentares acordadas com o Centrão sem infringir nenhuma regra fiscal. Ao todo, foram vetados R$ 19,8 bilhões em emendas (R$ 11,9 bilhões) e despesas discricionárias (R$ 7,9 bilhões) e contingenciados mais R$ 9 bilhões de gastos não obrigatórias do governo.
Os cortes, no entanto, levaram as despesas discricionárias ao menor nível da história: R$ 74,6 bilhões, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal. Por isso, especialistas têm alertado para o risco de paralisia de serviços públicos, como já ocorreu com o Censo Demográfico, que foi adiado novamente. “Os cortes foram suficientes para preservar o teto (de gastos), mas ocorreram em cima das despesas discricionárias do Executivo, o que pode levar ao prejuízo da execução de políticas públicas”, explicou o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto.
Com o alerta de paralisia da máquina pública vindo de todos os lados, Bolsonaro disse ontem que o Orçamento de 2021 será recomposto. “(Queria) Dizer para aqueles que criticaram os cortes no Orçamento: foi cortado, sim, por uma questão técnica, mas, com toda certeza, brevemente, pelas vias legais, obviamente, nós faremos a devida recomposição do nosso Orçamento, porque o Brasil não pode e não vai parar”, declarou o presidente durante a entrega de um trecho da duplicação da BR-101, na Bahia.
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