Reportagem do El País faz um balando do período; País entra no momento mais crítico da pandemia sem soluções para a educação e sem adotar os protocolos que permitiram que outros países retomassem as aulas
O dia 23 de março ficou marcado na memória da pedagoga Leila Oliveira. Foi nesta data que, em 2020, as escolas públicas e particulares de São Paulo fecharam as portas pela primeira vez, na tentativa de conter o avanço do coronavírus. A medida afetou 3,5 milhões de crianças e adolescentes da rede estadual e 2,3 milhões de alunos da rede particular, sem contar os estudantes das redes municipais. São Paulo era o primeiro Estado a ser arrastado para dentro da crise sanitária e o fechamento das instituições de ensino afetou milhares de famílias. “Tive de sair da creche onde trabalhava em Campinas, não consegui conciliar o trabalho com as demandas do ensino híbrido das minhas filhas”, conta a pedagoga. “Eu podia me afastar, mas sabia que outras mães não podiam parar de trabalhar.”
Naquele momento, pouco se sabia sobre o vírus. Imagens de cidades na Itália sendo capituladas por um invasor invisível davam apenas uma mostra do que estava por vir. Oliveira faz parte do grupo de educadores que foi em busca de soluções para o fechamento das escolas. Dialogou com professores da Alemanha, Argentina e Portugal. A expectativa, naquele primeiro momento, era trocar boas práticas para que as crianças e adolescentes pudessem voltar à sala de aula o mais rapidamente possível. A possibilidade de um período longo de educação à distância não era atrativa para nenhum país.
Passado um ano, no que já é considerado o pior colapso hospitalar e sanitário da história, 18 Estados brasileiros ainda se veem obrigados a manter o ensino apenas de forma remota —seja por plataforma online, acessada por celular ou computador, ou mesmo rádio, televisão e apostilas impressas—, os demais tentam equilibrar uma forma híbrida entre o presencial e o ensino à distância. “As escolhas que fizemos para as crianças foram terríveis”, lamenta a professora. “A sociedade discutiu se devíamos ou não voltar à sala de aula, e não o que precisávamos fazer para poder voltar. Isso mostra a falta de compromisso brasileiro com as crianças.”
Leia na íntegra: El País