Taxa de mortalidade de pacientes internados na UTI do Hospital está abaixo da média nacional e da média do Sul do Brasil, aponta estudo epidemiológico publicado na revista científica Lancet
Conforme comparação com estudo epidemiológico realizado nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) de todo o Brasil, a taxa de mortalidade de pacientes internados na UTI do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) está abaixo da média nacional e da média do Sul do Brasil: este índice chega a 59% no cenário nacional, enquanto no Sul a taxa é de 53% contra 22% no HU-UFSC.
A pesquisa foi publicada na revista científica Lancet e levou em consideração um levantamento realizado em todos os 256 mil paciente com Covid-19 em UTI de março a dezembro de 2020 em todo o Brasil. No caso do HU-UFSC, foram 242 internações e 55 óbitos no período, sendo que 81% necessitaram de ventilação mecânica e todos chegaram a precisar de oxigênio acima de 10 litros por minuto, o que indica que são casos graves da doença. A média de 22% se mantém neste ano.
O médico intensivista Rafael Lisboa de Souza, coordenador do corpo clínico médico da UTI Covid no HU, atribui a taxa da instituição, abaixo da média nacional, a alguns fatores como a criação de protocolos específicos para o tratamento de pacientes com Covid; a existência de um programa específico para a segurança do paciente; a formação acadêmica da equipe do hospital; e a existência de uma equipe multiprofissional em plantão permanente na unidade.
“Desde março de 2020, quando tivemos o primeiro caso de Covid, houve um esforço da equipe multiprofissional para criar os protocolos de atendimento, treinar e capacitar os profissionais da UTI Covid. Isso permite que todo o atendimento seja sistematizado e cada um saiba exatamente o que deve ser feito e o que o outro está fazendo”, disse o médico, lembrando que o HU é um dos hospitais que participa do programa Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala, que oferece mecanismos para a padronização do atendimento e para a redução de eventos adversos no atendimento.
“Um dos pontos chave deste programa sobre a segurança do paciente são os rounds multiprofissionais. São reuniões diárias de toda a equipe, realizadas em cada leito, onde são definidas as metas para atendimento no caso daquele paciente. Aqui são decididos momentos importantes como a sedação, a intubação, a retirada de cateteres e outros pontos. A segurança do paciente tem muito a ver com isso, pois quando você otimiza a retirada de procedimentos invasivos, reduz a chance de complicações, como infecções”, disse.
Com relação à formação da equipe, o coordenador clínico afirma que o nível de formação dos profissionais da UTI é um fator fundamental para o desempenho da unidade. “São especialistas em suas áreas, em terapia intensiva, e isso faz toda a diferença, pois são pessoas altamente qualificadas que atuam no hospital”, afirmou o médico.
Ainda sobre a atuação da equipe, Rafael Lisboa destaca a importância de ter uma equipe multiprofissional (das áreas de Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Odontologia, entre outras) atuando durante 24 horas na UTI Covid. “É uma raridade no Brasil você ter em uma UTI um fisioterapeuta 24 horas”, exemplificou o médico, ressaltando os esforços da instituição para garantir a formação desta equipe.
A chefe da UTI no HU, Carina Acosta, ressaltou, ainda, o empenho da equipe na busca de um atendimento de excelência. “Mesmo com todas as dificuldades, com o crescimento da pandemia e o surgimento de uma nova variante do vírus, percebemos um esforço da equipe para garantir um bom atendimento. Esta dedicação faz toda a diferença também”, afirmou.
Apesar dos números, Rafael Lisboa lembra que o quadro atual não é animador e ressalta a importância da adoção de medidas para evitar a disseminação do coronavírus. “Temos alguns dados alarmantes, que mostram uma redução na idade média das pessoas internadas. São pessoas mais novas e com quadro mais grave de Covid”, alertou o profissional. Segundo ele, em 2020 a idade média dos pacientes internados na UTI Covid do HU era de 56 anos e em 2021 esta média está em 50 anos.
Lisboa ressalta que outro aspecto fundamental é o apoio que a equipe recebe da direção do hospital, que não poupa esforços para oferecer as melhores condições de trabalho, apesar do momento extremamente difícil.
Confira o artigo científico na íntegra.
Unidade de Comunicação Social/HU-UFSC
Fonte: Agecom