Pesquisadores afirmam que reabrir escolas sem diminuir contágio por Covid leva a uma aceleração na pandemia

Artigo publicado na revista científica ‘The Lancet’ afirma que embora as escolas sejam espaços essenciais, ‘não foi feito o suficiente para torná-las mais seguras’

Um artigo publicado na quarta-feira, 10, na revista científica The Lancet afirma que reabrir escolas sem diminuir contágio por Covid leva a uma aceleração na pandemia.

O texto é assinado por 12 especialistas, entre médicos, epidemiologistas, bioestatísticos e psicólogos ligados às universidades de Londres, Southampton, Oxford, entre outras, e leva em consideração a situação vivida no Reino Unido. Eles citam pesquisas científicas e referências dos estudos usados para embasar as opiniões.

O artigo afirma que, embora as escolas sejam espaços essenciais para a aprendizagem, saúde mental e o desenvolvimento social, “não foi feito o suficiente para torná-las mais seguras para alunos e funcionários.”

No Brasil, uma pesquisa divulgada na quarta-feira, 10, aponta que quase 6 em cada 10 cidades ainda não desenvolveram protocolos de biossegurança para a reabertura das escolas municipais. Elas concentram 48% dos alunos da rede pública, em sua maioria, da educação infantil aos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). A maioria planeja retornar o ano letivo por meio do ensino remoto.

O estudo foi realizado com 3.672 secretarias municipais de Educação, dois terços do total, mostra que 49% delas relataram altos graus de dificuldade no acesso à internet pelos alunos. Embora 60% dos municípios tenham oferecido aulas gravadas, o principal recurso de ensino remoto no Brasil foram aulas por WhatsApp e materiais impressos, utilizados por 90% das cidades brasileiras.

No artigo da revista The Lancet, os pesquisadores afirmam que, sem medidas adicionais para diminuir o contágio, haverá aumento da transmissão do vírus. Isso poderá levar a variantes mais contagiosas, mais bloqueios, mais escolas fechadas e risco de evasão escolar.

Eles reforçam que, mesmo em situações em que as escolas do Reino Unido foram reabertas em momentos de alta na transmissão, poucos pais enviavam as crianças às salas de aula. “Mesmo quando as escolas estiveram totalmente abertas durante alta na transmissão, 22% das crianças não compareciam às aulas. Em algumas áreas, atendimento atingia 61% [dos alunos].”

Na quinta-feira, 11, frente ao aumento da transmissão de coronavírus, o governo de São Paulo anunciou a suspensão das aulas presenciais nas escolas estaduais e afirmou que vai manter as unidades abertas apenas para merenda dos alunos e retirada de chips, a partir de 15 de março. O governo também antecipou o recesso escolar de abril e outubro para o período de 15 a 28 de março. As prefeituras têm autonomia para aderir, e as redes privadas podem manter o ensino presencial para 35% dos alunos.

Nesta sexta-feira, 12, a Prefeitura de São Paulo anunciou a suspensão das aulas presenciais na rede municipal, estadual e particular a partir de 17 de março até 1° de abril.

Leia na íntegra: G1 e G1