Matéria da Agecom esclarece as diferenças entre os modelos de máscaras e quais são mais adequadas para a proteção contra a Covid-19
N95, PFF2, tecidos antivirais, algodão, TNT, com ou sem filtro, 3D, envelope, bico de pato, com ou sem válvula, caseiras, descartáveis, cirúrgicas, face shield, duas, três, quatro camadas… Desde que, em abril de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar o uso de máscaras para a proteção contra a Covid-19, observamos uma crescente oferta e variedade de modelos, industrializados e artesanais, para a venda, isso sem contar os inúmeros tutoriais do tipo faça-você-mesmo que podem ser encontrados após uma rápida busca no Google.
Em meio a tanta diversidade e com a constante atualização do conhecimento científico relacionado ao assunto, é normal que nos sintamos confusos. Quais as diferenças entre os modelos? Que máscara usar em cada situação? Quais os materiais mais adequados? Preciso comprar máscaras descartáveis? Posso confiar nas versões caseiras? Essas são algumas das dúvidas que o professor Carlos R. Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunorregulação do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), buscou esclarecer.
Protegendo a si e os outros
O primeiro ponto que precisamos destacar é que o uso correto das máscaras é, sim, essencial toda vez que sairmos em público. Elas, contudo, não substituem outras medidas, como a higienização das mãos e, principalmente, o distanciamento social. “O que temos que levar em consideração sobretudo é que o mais importante é o distanciamento social. Enquanto aplicamos o distanciamento social, ajudamos as máscaras a funcionarem melhor. Mesmo usando máscaras N95, nós nos colocamos em risco se estivermos em locais aglomerados”, enfatiza Zárate-Bladés.
Também vale ressaltar que, ao utilizar as máscaras corretamente, estamos cuidando dos outros e de nós mesmos. Além de reterem a nossa emissão de partículas e aerossóis, elas também atuam como uma barreira que nos protege da contaminação. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, aponta que o uso de máscaras reduz em 87% a chance de ser infectado pelo coronavírus.
Novas variantes e recomendações
O aumento de casos de Covid-19 e a identificação de novas variantes do Sars-CoV-2 aumentam a preocupação e a necessidade de cuidados preventivos. No início deste ano, alguns países europeus chegaram a proibir o uso de máscaras caseiras e exigir a utilização das industrializadas nos espaços públicos.
Zárate-Bladés explica que a mudança não foi na forma de transmissão, mas na presença de variantes mais agressivas do coronavírus, com maior capacidade de transmissão. Para ele, entretanto, não precisamos abandonar totalmente as máscaras caseiras. Apesar de recomendar o uso das N95 ou PFF2 para ambientes fechados e/ou com maior exposição, ele reforça que, quando feitas com os materiais apropriados e usadas corretamente, as máscaras caseiras podem ser vestidas com segurança em locais abertos e/ou com baixa circulação de pessoas.
“Quando feitas do jeito certo, elas têm uma ótima efetividade de não deixar passar gotículas e também são bastante efetivas contra certos aerossóis”, comenta. As gotículas respiratórias, às quais ele se refere, são aquelas liberadas pela tosse, espirro ou fala, que atingem uma pequena distância e logo caem no chão ou em alguma superfície. Já os aerossóis são partículas menores do que as gotículas, capazes de permanecer em suspensão no ar por períodos prolongados. Ambos são considerados meios de transmissão do Sars-CoV-2.
PFF2 ou N95
Para começar, é preciso esclarecer que PFF2 e N95 são dois nomes diferentes para a mesma máscara. O primeiro é utilizado para a certificação brasileira, enquanto o segundo é empregado nos Estados Unidos. Quando comparada às máscaras de pano ou cirúrgicas, ela é a que apresenta maior efetividade para a proteção contra o coronavírus.
Além de possuir uma estrutura com poder de filtragem superior, oferece melhor vedação – ou seja, fica completamente presa ao rosto, potencializando a retenção de gotículas e aerossóis. As máscaras do tipo estiveram em escassez no início da pandemia e foram direcionadas prioritariamente para os profissionais da saúde. Agora, no entanto, já podem ser facilmente encontradas para compra.
Máscaras cirúrgicas possuem uma boa capacidade de filtragem, mas a vedação não tem a mesma qualidade que a PFF2, e elas não devem ser reutilizadas. Foto: Agecom/UFSC
As máscaras cirúrgicas, em geral, são feitas de TNT em três camadas. Possuem boa capacidade de filtragem, mas sua vedação não tem a qualidade da PFF2. Segundo Zárate-Bladés, elas são recomendadas apenas quando a pessoa não tiver acesso a uma máscara de tecido de qualidade ou a uma PFF2.
Máscaras de tecido
Em abril de 2020, um grupo de cerca de 60 professores e pesquisadores do CCB/UFSC preparou um guia para que as pessoas possam fabricar suas próprias máscaras faciais. O modelo, que contempla três camadas de tecido de algodão e espaço para inserção de uma folha de polipropileno com celulose (vendida em rolos ou lenços com o nome de pano ou papel-toalha reutilizável), ainda é recomendado por Zárate-Bladés: “Estudos saíram, feitos em outras partes do mundo, testando estruturas de máscaras caseiras diversas, e a estrutura básica da máscara da UFSC que a gente propôs foi muito bem avaliada”.
A máscara deve cobrir o nariz e a boca em todos os momentos. Também não se pode deixar espaço para o ar escapar por cima, por baixo ou pelas laterais. Foto: Agecom/UFSC
Tão importante quanto a escolha do material que compõe a máscara é o seu ajuste no rosto. É essencial que ela tenha uma boa vedação, que não deixe espaços para o ar escapar por cima, por baixo ou pelas laterais.
Um estudo do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos aponta que a utilização de duas máscaras ao mesmo tempo pode reduzir o risco de transmissão da Covid-19, por oferecer melhor filtragem e vedação. Foto: Agecom/UFSC
Em fevereiro, um estudo do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) indicou que a utilização de duas máscaras ao mesmo tempo – uma de pano e uma cirúrgica – poderia reduzir significativamente o risco de transmissão da Covid-19.
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