País totaliza 11.122.429 de casos e 268.370 de óbitos, o que corresponde a 9,5% e 10,3% do total global
Nesta quinta-feira, 11 de março, um ano desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a epidemia por Covid-19 representava uma pandemia global, o novo Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz destaca que o Brasil se encontra entre os países com os piores indicadores. O país totaliza 11.122.429 de casos e 268.370 de óbitos, o que corresponde a 9,5% e 10,3% do total global, respectivamente, ainda que a população brasileira corresponda à menos de 3% da população mundial.
Em um contexto no qual o Brasil enfrenta o pior cenário desde o início da pandemia, os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz, responsáveis pelo Boletim, observam que o Brasil nunca alcançou uma redução significativa de sua curva de transmissão. Pelo contrário: conforme vem sendo noticiado pela imprensa e alertado pela Fiocruz, os recordes de novos casos e óbitos vêm sendo superados diariamente, acompanhados por uma situação de colapso dos sistemas de saúde em grande parte dos estados e municípios.
Segundo dados do sistema InfoGripe, apresentados neste Boletim, os níveis de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) encontram-se em níveis muito altos em todas unidades da Federação, com uma tendência de aumento em todos estados das regiões Sul e Sudeste. Entre os registros com resultados positivo para os vírus respiratórios, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos são em decorrência do novo coronavírus.
Também as taxas de ocupação de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) se mantêm muito críticas. De acordo com o Boletim, as taxas obtidas em 8 de março de 2021 mostram evolução do indicador desde 17 de julho de 2020, apontando uma tendência de piora tanto nos estados e no Distrito Federal, como nas capitais. Na última semana, somente o Pará apresentou melhora para saída da zona de alerta crítico e retorno à zona de alerta intermediário. Dezessete estados e o Distrito Federal mantiveram taxas iguais ou superiores a 80%, e mais dois estados somaram-se a eles, resultando em um total de 20 unidades federativas na zona de alerta crítico, das quais 13 com taxas superiores a 90%. Seis estados que se mantiveram na zona de alerta intermediária (≥ 60,0% e < 80,0%) apresentaram crescimento do indicador.
Diante do quadro atual, os pesquisadores defendem como principal medida de controle e redução da transmissão e do número de casos por Covid-19, assim como para a diminuição do contínuo crescimento de óbitos diários, a adoção de “Medidas de Supressão ou Bloqueio”, com incorporação de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais. Soma-se a estas medidas o uso de máscaras em larga escala social.
“A combinação de elevados percentuais de uso de máscaras com medidas de distanciamento físico e social tem resultado em maior controle da transmissão. Se regulamentações governamentais sobre o uso de máscaras são importantes, sozinhas são insuficientes, devendo ser realizadas campanhas sobre a importância do uso e como usar, além da distribuição gratuita de máscaras em larga escala”, afirmam os pesquisadores.
Impactos na população feminina
O Boletim chama atenção ainda que no mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, as mulheres não têm muito o que comemorar. Segundo a análise, a pandemia tem impactado homens e mulheres de modo distinto e seus efeitos não se restringem somente aos diretamente relacionados à Covid-19.
Dados disponibilizados pelo Conselho Federal de Enfermagem, como é exemplificado no Boletim, mostram que, até o dia 9 de março de 2021, foram registrados 49.117 casos de Covid-19 em profissionais de enfermagem – sendo 85,25% em mulheres; e 648 óbitos, sendo 66,98% de mulheres.
Os pesquisadores apontam ainda que os números divulgados recentemente pelo Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) mostram que as ocorrências de violência contra a mulher têm aumentado. De acordo com o Instituto, por dia, mais de 250 mulheres foram vítimas de violência durante o período de isolamento social no estado do Rio de Janeiro.
“É preciso reconhecer que as mulheres sofrem de maneira dramática as consequências dessa pandemia. Como ocupam a maior parte dos postos de trabalho no setor saúde, são também mais fortemente acometidas pela doença”, destacam os pesquisadores.
Fonte: Jornal da Ciência