Jornal Laboratório Zero mostra que, com campi esvaziados pela pandemia, desafio é zelar pela infraestrutura física
“Por dentro dos prédios eu não sei como está, porque, se você tem alguma necessidade, só entra com autorização dos Centros.” O relato é do acadêmico Paulo Afonso Filho, 24, que cursa Engenharia de Produção Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele é um dos quase 30 mil estudantes de graduação da UFSC que tiveram a vida estudantil alterada pela pandemia da Covid-19, a qual levou ao cancelamento de praticamente todas as atividades presenciais na instituição em 16 de março de 2020.
Toda a comunidade universitária foi afetada pelas medidas restritivas e a UFSC, sempre movimentada, hoje está irreconhecível por seu esvaziamento: antes da pandemia, o RU servia diariamente sete mil refeições; a Biblioteca Universitária emprestava uma média de 1,5 mil livros por dia; e 47 mil pessoas, entre estudantes, professores, servidores técnicos administrativos e pessoas da comunidade circulavam nas dependências dos cinco campi do estado.
Agora, quase um ano depois, o cenário da pandemia em Santa Catarina afasta ainda mais as chances de um possível retorno total, mesmo que híbrido, das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Até o fechamento desta reportagem, segundo boletim epidemiológico do governo do estado, todas as regiões catarinenses apresentam a bandeira vermelha – alerta que indica aumento gravíssimo nos casos de infecção pela Covid-19 e falta de leitos de UTI.
Na capital, Florianópolis, em 8 de março, 100% dos leitos de adultos, para pacientes com Covid-19 estão ocupados. Sem uma data para o retorno das atividades, a reitoria, junto aos órgãos administrativos da universidade, se preocupa com a manutenção e conservação dos espaços físicos, que em sua maioria permanecem sem uso. A exceção, além do Hospital Universitário, são alguns laboratórios que não puderam cessar pesquisas – algumas delas voltadas para o combate ao novo coronavírus.
Suspensão das atividades provoca mudanças
Fundada em dezembro de 1960, a Universidade Federal de Santa Catarina é referência internacional em diversos âmbitos de pesquisa e extensão. Em 2020, a instituição foi reconhecida pela Times Higher Education como uma das sete melhores do país, tendo liderado este ranking no quesito que define a influência da pesquisa através do número de citações. Ao todo, a UFSC dispõe de cinco campi, sendo o maior deles o campus Reitor João David Ferreira Lima, na Trindade, em Florianópolis. Além de contar com espaços de grande circulação de pessoas em tempos de normalidade, como a Biblioteca Central, o Restaurante Universitário, o campus possui 11 centros de ensino, 639 laboratórios entre 75 departamentos. Cada chefe de departamento é responsável pela organização e manutenção das instalações, mesmo durante a pandemia.
De acordo com a Chefe do Departamento de Jornalismo, a professora Leslie Sedrez Chaves, todos os cuidados com relação à estrutura do departamento têm sido mantidos. “Num primeiro momento, buscamos resguardar todas as pessoas, inclusive os servidores terceirizados. Depois, elas retornaram ao trabalho.” No momento, duas funcionárias do serviço de limpeza trabalham no local diariamente. Segundo Leslie, os horários de expediente são espaçados, evitando aglomerações, e os laboratórios têm sido abertos periodicamente para verificar como estão os equipamentos. “Nesse momento que não tem ninguém tendo aula presencial, a gente afastou os computadores para não molhar”, explica, referindo-se ao risco de danos pelas chuvas.
Para seguir as regras que prevêem o distanciamento, o trabalho na chefia de departamento ocorre remotamente, alterando a dinâmica da rotina. “Em alguma necessidade pontual, a gente vai ao departamento para resolver, como no caso da distribuição dos computadores para os alunos.” A UFSC fez empréstimo de equipamentos e dados de acesso à internet para alunos que o solicitaram, quando houve a confirmação de que o ensino remoto ocorreria.
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