Pesquisa coordenada por professor da USP e da FGV mostra, a partir de um modelo matemático, o impacto da imunização no número de mortes pela covid-19, como indica El País
O que já se intuía agora tem base científica: o atraso em realizar uma campanha de vacinação em massa contra o coronavírus gera a cada mês milhares de novas mortes que poderiam ser evitadas. É o que mostra um estudo coordenado pelo médico e físico Eduardo Massad, professor emérito de Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e professor titular de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de pesquisador associado do Instituto Butantan. O cientista utilizou um modelo matemático que faz projeções a partir de dois cenários extremos. O de uma população totalmente vacinada de um lado e o de uma ausência completa de imunização, do outro.
Apesar de serem cenários distintos da atual realidade brasileira, onde a campanha de imunização começou em janeiro, ainda que a passos lentos, os dados permitem analisar, com números concretos, o impacto que a vacinação tem na redução do número de mortes no Brasil. Mostra, segundo Massad, a “importância de se vacinar logo”. O estudo aponta que caso o Brasil não vacinasse sua população neste ano, no mínimo 130.000 pessoas morreriam e o país fecharia 2021 com ao menos 350.000 óbitos. Mas, se caso o país vacinasse toda a sua população já em fevereiro —algo impossível de acontecer devido a atual escassez de doses—, o vírus continuaria circulando por um tempo e ao menos 41.000 novas mortes por covid-19 seriam registradas até o fim de 2021. Em comparação com o cenário anterior, cerca de 89.000 vidas seriam salvas.
O número de novas mortes aumenta conforme a campanha de vacinação se prolonga. Se a imunização em massa acontecesse em março, então seriam no mínimo 73.000 novos óbitos até o fim do ano. Se a imunização de todos os brasileiros e brasileiras só ocorresse em abril, o país ainda contabilizaria 97.000 novas mortes. Se é jogada para maio, o país acumularia 111.000 óbitos a mais, ou seja, 70.000 mortes a mais do que no cenário de uma imunização total em fevereiro. “Nossa limitação é em número de doses, não em capacidade de vacinar. O Brasil já imunizou 10 milhões de pessoas por dia em outras campanhas e poderia imunizar toda a população em um só mês”, destaca Massad. Seja como for, ele destaca que mesmo no melhor cenário o Brasil ainda estará contabilizando novos casos e mortes em janeiro de 2022.
Leia na íntegra: El País