Própria reitora nomeada demonstrou indignação com decisão do presidente, aponta o Jornal do Professor
O presidente Jair Bolsonaro ignorou, mais uma vez, a vontade da comunidade acadêmica e nomeou a professora Ana Beatriz de Oliveira como reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Apesar de compor a chapa eleita, a docente era o segundo nome na lista. A chapa “Juntos pela UFSCar” era representada pelo professor Adilson de Oliveira e teve 66% dos votos.
A própria reitora nomeada demonstrou indignação com a nomeação. Em uma postagem nas redes sociais, ela declarou que lamenta o desrespeito do atual governo com a autonomia universitária. “Lamento profundamente que a UFSCar não tenha o reitor que escolheu”, disse Ana Beatriz.
O reitor eleito explicou que é fundamental que Ana Beatriz aceitasse a nomeação para que a universidade não sofresse uma intervenção.
Desde o início do atual mandato, Bolsonaro nomeou 20 reitores de forma arbitrária. Sete são pro tempore, que não disputaram eleições, e os outros 13 não ficaram em primeiro lugar na consulta pública.
Em dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, determinou que Bolsonaro passasse a seguir a lista tríplice na nomeação dos reitores e dos vice-reitores das instituições federais. A ordem foi proferida nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 759. Mesmo assim, o presidente voltou a ignorar a autonomia universitária ao não nomear o nome mais votado da lista.
Na ação que tramita no STF, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) atua como amicus curiae. Ainda em dezembro, o departamento jurídico da entidade foi responsável por sustentação oral para o julgamento virtual da cautelar da ADPF. “Há uma clara campanha para privilegiar candidatos alinhados com o Governo Federal para ocupar as reitorias, independente das escolhas expressas pela comunidade acadêmica”, afirmou o advogado Elias Menta.
Fonte: Jornal do Professor