Rodolfo Rocha Pirola cursou a graduação em TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação na instituição
Formar-se em uma universidade federal é sempre um desafio. Para Rodolfo Rocha Pirola, este desafio é ainda maior. Ele foi o primeiro estudante surdo a apresentar um trabalho de conclusão de curso no Campus Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Intitulado “Glossários sobre Tecnologia em Libras/Português: análise de usabilidade” e orientado por Giovani Mendonça Lunardi (TIC/CTS/UFSC), o trabalho foi aprovado no dia 10 de dezembro de 2020 pela banca virtual composta pelos professores Deonísio Schmidtt (LSB/CCE/UFSC) e Patrícia Jantsch Fiuza (TIC/CTS/UFSC) e tendo como intérpretes de Libras Patrícia Ribeiro Nachtigall e Jessyka Maia de Souza.
Rodolfo ingressou na UFSC no ano de 2013 através do curso de Engenharia da Computação. Posteriormente, em 2015, conseguiu transferência para o curso de Tecnologias da Informação e Comunicação. “Tive muita vontade de aprender mais e ter conhecimento sobre Tecnologias da Informação e Comunicação. É uma área importante para o trabalho no futuro. Eu gosto bastante de assuntos relacionados à tecnologia e por isso escolhi esse curso.” Conta Rodolfo, explicando sua mudança de curso.
O estudante reconhece a importância de um campus da UFSC na região sul do estado. “É um desafio estar na UFSC Campus Araranguá e só tenho a agradecer pela oportunidade de ser o primeiro surdo na graduação em TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação na UFSC Campus Araranguá. Sinto orgulho de estar no Campus Araranguá, com muita luta pelos meus direitos de acessibilidade, de ter interpretes e monitor e, mesmo com as dificuldades que enfrentei, continuo lutando para o meu melhor”, declara Rodolfo.
Sobre as dificuldades enfrentadas, Rodolfo conta que são inúmeras em seu cotidiano fora da universidade e também dentro dela, mas que, com dedicação, conseguiu superá-las. “Sendo aluno surdo não é fácil, pois precisei lutar, enfrentar as dificuldades e não desistir. Por vezes já pensei em desistir diante das dificuldades, porém tive o apoio da minha família e esposa que me incentivaram a continuar e a acreditar que eu conseguiria chegar até o final do curso. Além disso, pude contar com a dedicação de toda equipe do CTS e da UFSC Campus Araranguá por me aceitarem como primeiro surdo a participar da graduação.”
Os desafios são enfrentados pelo estudante e pela universidade, o que também serve como forma de evolução e aprendizado, conforme explica a pedagoga do Campus Araranguá, Carla Renata Huttl de Godoi. “A universidade precisa avançar, diariamente, na diminuição das barreiras para pessoas com deficiências, sejam elas arquitetônicas, pedagógicas ou atitudinais, de modo a efetivar a educação inclusiva para todas e todos”. Ela ainda completa que ter o estudante matriculado na instituição contribuiu com este processo. “Rodolfo contribuiu para a discussão coletiva e institucional sobre as barreiras que a universidade pode reproduzir para pessoas com deficiência”. Finaliza a pedagoga.
Rodolfo ainda deixa um recado para quem tem algum tipo de deficiência. “Eu diria: faça! Se há desejo de ingressar no curso de graduação, mantenha o foco e lute pelos seus direitos, pois todos são capazes. Estude para melhorar o futuro no seu trabalho e adquirir o conhecimento e estude sempre, pois não podemos parar de estudar, temos que estar sempre buscando novos conhecimentos.”
Fonte: Agecom