Investigação sobre órgão que promove compartilhamento de ações para a segurança alimentar no mundo será publicada em revista internacional
Você sabia que o Brasil coordena o Centro de Excelência contra a Fome da ONU? O órgão, que difunde políticas públicas brasileiras de combate à fome e à desnutrição, foi alvo de investigação da professora Clarissa Dri, do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC e pesquisadora do Instituto Memória e Direitos Humanos. Para entender as origens dessa instituição que vincula o Brasil à ONU, a professora realizou mais de 15 entrevistas com diplomatas e funcionários do Centro. O resultado dessa pesquisa está sendo preparado durante o ano de 2020 para publicação em uma revista inglesa, a Development Policy Review, da editora Wiley. Confira a publicação prévia.
O Centro tem o objetivo de dividir com outros países, especialmente asiáticos e africanos, experiências brasileiras bem-sucedidas no combate à fome. Essas informações facilitam a cooperação entre os países e podem auxiliar na estruturação de projetos de segurança alimentar e nutricional ou de garantia de merenda nas escolas, por meio da agricultura familiar local. Como explica a docente, o órgão foi criado após a popularidade dos programas Fome Zero e Bolsa Família, que atraíram o interesse de vários países em desenvolvimento, interessados em conhecer melhor as políticas brasileiras de combate à fome. “O Ministério da Educação em Brasília recebia visitas de delegações estrangeiras que queriam conhecer o programa brasileiro de alimentação escolar. Por isso, foi criado o órgão especializado em compartilhar as experiências, em parceria com a ONU”, explica a professora. O órgão faz parte do Programa Mundial de Alimentos da ONU que, em outubro, ganhou o Nobel da Paz.
Para ela, tratar da temática do combate à fome é cada vez mais indispensável. “Esse é um tema urgente, tendo em vista a triste situação atual de retorno da fome e da miséria no Brasil”. Ela ressalta o interesse de países do exterior em conhecerem mais sobre a conjuntura social e ambiental no Brasil, que vem se deteriorando no governo Bolsonaro. “As pesquisas universitárias na área de ciência política e relações internacionais, inclusive as pesquisas desenvolvidas na UFSC, contribuem para a compreensão dessa situação” afirma.
Imprensa Apufsc