Dez hospitais registram lotação máxima e especialistas veem relação com afrouxamento das medidas de isolamento
Em um mês, Santa Catarina registrou, em média, 2.400 novas infecções de covid-19 por dia. A taxa é praticamente o dobro da registrada em julho, quando o Estado enfrentou o pico da doença até então. A nova matriz de risco potencial, divulgada pelo governo estadual nesta quarta-feira, 25, mostra que 13 das 16 regiões estão com o nível de alerta “gravíssimo”. Na semana anterior, apena três regiões estavam neste grau. No mesmo período, a taxa de ocupação de leitos de UTI aumentou e chegou a 84%, mas a oferta diminuiu: 73 leitos foram fechados.
Nesta quarta-feira, 25, pelo menos dez hospitais estavam com lotação máxima e mais da metade dos demais tinham ocupação acima de 80%. Segundo informação da Secretaria de Saúde do Estado, o déficit de leitos para tratamento do novo coronavírus chega a 232.
“Esta situação já era prevista há algumas semanas, mas não apareciam no mapa da matriz porque há fragilidades nesse monitoramento. Hoje, a situação certamente é bem pior do que o mapa está mostrando”, afirma Alexandra Crispim Boing, professora do Departamento de Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina e membro do Observatório Covid-19 BR.
Ela afirma que um dos indicadores que influenciam no mapa são as mortes. “O óbito acontece de três a cinco semanas após a infecção, essa é uma sinalização de quando a situação está muito ruim”, explica. Alexandra ressalta ainda que a matriz leva em consideração outros indicadores, mas não possui, por exemplo, um sistema de predição que possa fazer correções temporais e, assim, ser mais preciso.
“Por outro lado, nós temos um afrouxamento das medidas de isolamento, as pessoas achando que tudo voltou ao normal e os gestores não estão se baseando na matriz de risco para tomarem medidas”, aponta Alexandra.
Leia na íntegra: Estadão