Previsão da Andifes é de que instituições não consigam funcionar até o fim de 2021
Diante da perspectiva de redução no orçamento para as universidades federais no ano que vem, os reitores alertam que muitas instituições podem parar por falta de recursos. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira, o orçamento é “absolutamente insuficiente para fazer face às despesas de manutenção”.
— Aqueles 17,5% em que foram reduzidos dos nossos recursos no Projeto de Lei Orçamentária em 2021, ele inviabiliza o funcionamento das universidades — afirmou. “Dificilmente alguma universidade terá algum fôlego para chegar até o final do ano”, completou Madureira.
No mês passado, o governo federal encaminhou ao Congresso o projeto de lei orçamentária para 2021. Segundo a Andifes, há a perspectiva de um corte R$ 1,8 bilhão para as universidades no ano que vem.
— Certamente nós teremos interrupção de serviços essenciais que uma vez interrompidos, significa interrupção de atividdes. Não conseguiremos funcionar em um campus sem segurança, sem limpeza e com certeza, sem energia elétrica. Nós teremos um ano muito difícil.
Nessa quinta-feira, o ministro Milton Ribeiro reclamou a parlamentares da redução de R$ 1,5 bilhão nos recursos para a pasta já para este ano, mas que ainda está em discussão.
Para Edward Madureira, a situação pode se agravar com a retomada das aulas presenciais nas univeridades. Os reitores ressaltaram que também pode faltar dinheiro para custear as bolsas da assistência estudantil.
— Isso é trágico porque aquelas pessoas que entraram em uma universidade podem ficar sem condição de permanener nas instituições. O comprometimento do futuro é muito grande — ponderou o vice-presidente da Andifes, Marcus David. Por isso, Edward Madureira reforçou que a Andifes negocia junto aos Congresso Nacional para evitar os cortes na educação.
Lista tríplice
A Andifes também rechaçou a conduta do presidente da República, Jair Bolsonaro, de nomear candidatos que não estavam entre os primeiros colocados na lista tríplice para a reitoria da instituição. Nessa quinta-feira, o nome de Carlos André Bulhões Mendes foi confirmado por Bolsonaro na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele foi o menos votado na lista de indicados.
— Estamos em um retrocesso de gestão, que compromete o funciomento das universidades — disse o presidente da Andifes.
A medida não é ilegal, mas tradicionalmente, o presidente escolhe o nome mais votado da lista tríplice apresentada pelo conselho universitário. A lista é resultado da votação que considera os votos de professores, alunos e funcionários. Desde o ano passado, nove reitores nomeados por Bolsonaro não estavam entre os mais votados pela comunidade acadêmica.
— A universidade não pode representar a vontade de um governo, tem que ser a da comunidade que está inserida localmente e tem um projeto de mudança significativa da sociedade — finalizou Edward Madureira.
Fonte: O Globo