Presidente escolheu não eleger a chapa mais votada pela comunidade acadêmica; tradicionalmente, nome mais votado da lista é nomeado
O presidente Jair Bolsonaro nomeou o professor Carlos André Bulhões Mendes como reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), confirmando especulações de que não escolheria a chapa mais votada pela comunidade acadêmica. O decreto com a decisão foi publicado hoje (16) no Diário Oficial da União.
Entidades ligadas à educação consideram a medida um ataque à autonomia universitária. Tradicionalmente, o vencedor da consulta à comunidade é o nomeado pelo presidente. Nas eleições deste ano na UFRGS, o atual reitor Rui Oppermann foi o primeiro colocado. Bulhões ficou em terceiro na lista tríplice. Esse, no entanto, não é o único caso. Pelo contrário: tem se tornado recorrente.
Ontem, dia 15, Jair Bolsonaro nomeou o professor Francisco Ribeiro da Costa para ocupar o cargo de reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com sede em Marabá. Costa foi o terceiro colocado da lista tríplice enviada ao governo. O atual reitor da Unifesspa, professor Maurílio de Abreu Monteiro, cujo mandato termina em outubro, foi reeleito com 84,4% dos votos válidos. Costa teve 6,4%.
No final de agosto, o mesmo aconteceu na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a ida a Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, e anunciou o nome da professora Ludimilla Oliveira para a reitoria . Ela ficou em 3º lugar (18,33%) na composição da lista tríplice.
No ano passado, das 14 nomeações feitas, Bolsonaro só escolheu o primeiro colocado da lista tríplice para reitor em oito universidades. Em seis (43%), optou por candidatos menos votados.
Na UFRGS
Segundo informações do Jornal Zero Hora, a chapa do futuro reitor, que é professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), e da também docente Patrícia Helena Lucas Pranke foi a menos votada tanto na consulta acadêmica promovida pela UFRGS quanto na eleição do Conselho Universitário (Consun), que definiu a lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC). O MEC, por sua vez, encaminhou os nomes ao presidente após análise.
A escolha por Bulhões havia sido antecipada, na semana passada, pelo deputado federal Bino Nunes (PSL-RS). Após uma reunião no MEC, ele afirmou que a nomeação ocorreria nesta semana.
O presidente da República não tem obrigação de escolher o primeiro colocado da lista, mas aceitar a chapa vencedora é um ato de respeito à autonomia universitária.
Desde a redemocratização, apenas em uma oportunidade o nome mais votado pela universidade não foi aceito. Foi em 1988, quando existia uma lista sêxtupla.
Imprensa Apufsc, com informações da GZH